Um estudo realizado na Universidade Southwestern, nos Estados Unidos, pode ser determinante na criação de tratamentos para combater o novo coronavírus. Os pesquisadores, entre eles uma cientista brasileira, analisaram a ação da Nsp1, uma proteína capaz de bloquear a replicação viral das células infectadas com covid-19 e, desta forma, servir como um tratamento contra a doença.
“Quando um vírus infecta uma célula, a forma como a célula hospedeira reage é alterando as vias (ou redes) celulares de certa maneira que neutraliza a infecção viral”, afirmou Beatriz Fontoura, uma das autoras da pesquisa e professora de biologia celular da Universidade Southwestern, conforme reportado pelo EurekAkert!. “Os vírus podem atingir muitas dessas vias para favorecer sua própria replicação.”
Beatriz Fontoura faz parte da equipe liderada por Ke Zhang, pesquisador e pós-doutorado na Universidade de Southwestern. Brasileira, ela se formou em bioquímica na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, fez mestrado em Escola Paulista de Medicina e continuou seus estudos e pesquisas em universidades americanas em Nova York, Miami e, mais recentemente, no Texas.
Publicado na revista científica Science Advances, o estudo aponta que a proteína Nsp1 é capaz de impedir que os genes sejam multiplicados no organismo. Sem este poder, a doença se torna mais fraca e pode ser combatida pelos próprios anticorpos dos pacientes, que ainda podem estar munidos com remédios que auxiliem na luta contra o vírus Sars-CoV-2.
Para entender melhor é preciso lembrar que um vírus é replicado através os genes de uma célula hospedeira. Descrita como multifuncional, a proteína Nsp1 age diretamente para interromper este ciclo. Assim, ao bloquear a ação de exportação o vírus de RNA mensageiro o núcleo da célula para outro compartimento, o citoplasma, é possível impedir esta multiplicação.
A pesquisa levou em consideração resultados do uso desta proteína no combate ao vírus influenza. Com o Sars-CoV-2, os resultados também mostraram a inibição da exportação nuclear da célula hospedeira.
Os resultados iniciais passam uma sensação de otimismo, mas os cientistas ainda evitam tirar os pés do chão. Segundo Zhang, ainda é necessário estudar melhor a estrutura do Nsp1 e os processos que permitem reverter a ação de bloqueio. “A pesquisa é promissora, mas para desenvolver terapias no futuro, primeiro precisamos entender melhor o mecanismo”, diz.
(Portal Exame)