Um dos articuladores da pré-candidatura de Tebet, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), incentivou ontem uma contraofensiva ao movimento de fritura da senadora. Segundo uma liderança regional do partido relatou ao GLOBO, Baleia e aliados pediram manifestações públicas de apoio a Tebet. Ao menos sete diretórios estaduais seguiram o pedido. Em três desses estados, Rio Grande do Sul, Acre e Tocantins, o MDB deve lançar candidatos a governo ou Senado, abrindo possíveis palanques à pré-candidata.
Na última convenção do MDB, representantes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nas quais Tebet encontra hoje ambiente mais favorável à sua candidatura, corresponderam a mais de metade do quórum. O Nordeste, mais próximo a Lula, e o Norte, onde há divisões entre apoio ao petista e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), foram minoria.
— Acho difícil que a convenção modifique a candidatura de Simone. A retirada fortaleceria a polarização, e não necessariamente o apoio a Lula. Uma parte significativa poderia ir para Bolsonaro — disse o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).
Viabilidade eleitoral
Reservadamente, lideranças regionais do partido, inclusive da ala majoritária que deve endossar Tebet na convenção, avaliam que apoio na prática durante a campanha dependerá da demonstração de viabilidade eleitoral. Na última pesquisa Datafolha, ela teve 1% das intenções de voto. Para se cacifar, a senadora busca uma aliança com o PSDB, que segue em disputa interna entre os ex-governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), e com o União Brasil, que ontem anunciou o presidente da sigla, Luciano Bivar, como nome a ser avaliado na construção da chapa única da terceira via.
Em estados do Centro-Oeste e do Sul, lideranças do MDB têm identificado melhoras na avaliação de Bolsonaro entre os eleitores e, por isso, não querem se vincular a candidatos que façam oposição explícita ao presidente.
No Sudeste, o MDB de São Paulo tem apoiado Tebet dentro de uma construção de terceira via — ontem, a senadora reuniu-se com Doria, Baleia e com o ex-presidente Michel Temer —, mas há indefinições no Rio e no Espírito Santo. O partido integra a base do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, e pode indicar seu vice. Ontem, o presidente do MDB fluminense, Leonardo Picciani, que já esteve alinhado à ala pró-Lula do partido, escreveu em suas redes sociais que o partido “tem o dever de levar à frente” a candidatura de Tebet. Já a senadora capixaba Rose de Freitas, que esteve no jantar com Lula, busca apoios para concorrer à reeleição.