• 23/11/2024

Menos estressados, mas infectados: fuga do isolamento pode causar 2ª onda

Quem não pensou em sair correndo de casa naprimeira oportunidade de flexibilização do isolamento causado pela pandemia que atire a primeira pedra. O prazer de ir a um shopping, ver gente circulando nas ruas, tomar um café sem ser o coado em casa ou ainda comprar algum item e já levar pra casa sem ter de aguardar a entrega.

Só de pensar parece que a mente já agradece. O estresse causado pela pandemia, não apenas pelo distanciamento social, mas também pelas vítimas do coronavírus, já arrasta um multidão considerável. Segundo pesquisa realizada em maio pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), 60% dos 3.206 entrevistados disseram se sentir muito estressados. Se comparado com pesquisa de 2018, houve um aumento de 9% de pessoas com o autodiagnóstico.

Marilda Novaes Lipp, responsável pela pesquisa, diz que preocupações como o desemprego e o sustento básico já são fatores suficientes para desencadear estresse, depressão, pânico e ansiedade. Quando o estresse aumenta, desencadeia uma série de doenças pré-programadas que, segundo a pesquisadora, talvez nem dariam as caras. “Você já nasce com alguma predisposição a ter alguma doença no decorrer da vida. Com o aumento do estresse, existe a possibilidade destas vulnerabilidades aflorarem”, diz Lipp

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A pesquisadora diz que, além do coronavírus, a instabilidade política e as incertezas com as declarações dos governantes fazem o ser humano se sentir desprotegido. “As pessoas precisam ter proteção, e o sentimento que se tem é exatamente o contrário, levando à uma instabilidade de humor”, afirma Lipp. Dos entrevistados, 48% se dizem nem um pouco confiantes com o governo, 27% se declaram pouco confiantes e 2,23%, extremamente confiantes.

Pessoas no limite da tolerância

Diferentemente dos mais ricos, que podem se dar ao luxo de sentir menos o baque do isolamento em suas casas suntuosas passando a quarentena na casa de férias — na praia ou no campo —, a classe média geralmente fica reclusa em seu apartamento ou casa, na maioria das vezes com mais de 4, 5, 6 pessoas no mesmo ambiente. Lipp diz que as pessoas comuns estão no limite da tolerância, porque “a tempestade é a mesma, porém os barcos que são diferentes”.

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Com a flexibilização do isolamento e autorização de reabertura de centros comerciais, voltaram as filas e aglomerações em shoppings.

O ser humano é gerenciado pelo prazer imediato. É um hedonismo imediato. As pessoas querem o alívio da tensão de estarem presas. Equivale àquela pessoa que procura refúgio nas drogas. Porém, aí que está o perigo”, aponta Lipp.

Uma possível segunda onda de contaminação pela covid-19 pode acometer essas pessoas em busca de aliviar a tensão causada pelo isolamento. “As pessoas podem começar a adoecer infectadas pelo vírus e, consequentemente, aumentar novamente o estresse”. É como uma bola de neve.

Para tentar driblar os efeitos do isolamento:

1 – É preciso aceitar o que está acontecendo. A situação mudou, o ambiente mudou. Este é o novo normal. É necessário adaptar o comportamento já que nada será como antes. Aceitação é fundamental para lidar com qualquer realidade.

2 – Tentar proteger sua saúde mental com pensamentos positivos. Não há crise que dure para sempre.

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3 – Entender que o isolamento é temporário e fazer coisas para preservar a saúde mental e física: dormir bem, praticar atividades físicas, se alimentar melhor.

4 – Ocupar a mente com coisas boas: vendo filmes e séries, lendo livros, ouvindo música, cuidando de plantas ou cozinhando.

5 – Aproveitar o momento para construir memórias da família: criar um histórico para as crianças levarem aos seus filhos no futuro.

6 – Enxergar o seu parceiro(a). No início de um relacionamento há grande interesse pela pessoa, pergunta-se tudo a respeito dele(a). Depois de certo tempo, quase nada (ou nada) mais é questionado. Só se “vive” com a pessoa. Hoje o seu parceiro pode ser totalmente diferente da pessoa que você conheceu. Este momento é também de redescoberta para ambos.

7 – Não se acomode. Não fique de pijama 24 horas por dia.

8 – Quem se adapta melhor é o que sobrevive. Quem adquire estratégias de enfrentamento durante essa pandemia vive melhor. E todos podem aprender. São novas maneiras de viver.

(Portal Exame)

 

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