Por FF
Autocuidado é uma expressão que passou a fazer parte do vocabulário dos brasileiros mais expressivamente desde o início da pandemia de COVID-19. E falar sobre o tema é discutir a complexidade e a importância de nossa saúde mental.
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Em tempos de pandemia, esses cuidados diários ficaram ainda mais difíceis. No fim das contas, ninguém está bem o tempo todo e é impossível passar por uma crise sanitária e humanitária sem sentir os efeitos na saúde mental. Em um estudo reunindo dados de mais de 80 mil jovens, publicado no periódico científico JAMA Pediatrics, sintomas depressivos eram comuns a cerca de 12% de jovens com 18 anos, número que subiu para 25% após o início da pandemia. Os sinais de ansiedade foram de 11% para 20%.
O importante é lembrar que todo mundo passa por situações adversas e esses momentos delicados demandam ainda mais que olhemos com carinho para nós mesmos e sejamos generosos com nossos sentimentos. Se você não está bem, saiba que você não está sozinho e que é possível encontrar ajuda em meio a momentos difíceis.
Algumas dicas que podem inspirar o autocuidado consciente
Algumas práticas cotidianas podem fazer uma grande diferença na nossa qualidade de vida. A primeira dica é manter uma rotina: o cérebro gosta de previsibilidade no que é essencial, e manter a alimentação regrada, respeitar o horário de dormir, acordar e trabalhar, programar momentos de lazer e descanso ajudam muito a diminuir o estresse diário. Se for possível, tente dividir as tarefas entre todas as pessoas da casa para compartilhar as responsabilidades.
Outra dica essencial é manter um equilíbrio entre saúde mental e física. Não deixe de cuidar da sua saúde, de fazer exames anualmente e faça acompanhamento médico para ter certeza de que tudo está certo. Atividade física também é essencial para a saúde da mente e do corpo, assim como uma dieta balanceada e nutritiva. Parece difícil, mas começar aos poucos, com uma prática por vez, vai ajudando a ganhar confiança e continuar implementando boas práticas na rotina.
Por fim, tente manter um espaço do dia para você, se divertindo da maneira que mais gostar e sem pensar em nenhum tipo de obrigação ou produtividade. Vale escolher coisas simples e leves como assistir algo com temática diferente dos assuntos de trabalho, passar um tempo ao ar livre, desenhar e ler, passar o tempo com pessoas queridas, por exemplo.
Como nem sempre conseguimos resolver essas questões sistêmicas, também ajuda lembrarmos que o autocuidado passa pela nossa concepção de comunidade. O ser humano precisa de contato e troca para sobreviver com saúde, e é nesse elo entre nós e quem amamos que podemos exercer uma mudança nos paradigmas da saúde mental.
Vamos falar sobre isso?
O autocuidado é um dos pilares levantados na campanha encabeçada pela Fundación MAPFRE com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas. Juntas, as entidades organizaram o Movimento Papo Cabeça, projeto que consiste em uma rede de empatia. O objetivo é unir diversas vozes, entre especialistas e influenciadores, com o intuito de conversar sobre saúde mental, tirando o assunto da esfera do tabu e mostrando que cuidar da saúde mental é tão importante quanto tomar banho, se alimentar e socializar.
Está tudo bem não estar bem
Todos nós podemos passar por questões relacionadas à saúde mental, e não existe idade, grupo social, rede de apoio ou profissão que consiga garantir que nossa capacidade de lidar com as adversidades permanecerá sempre a mesma.
A pandemia de COVID-19 colocou todos nós em uma situação inédita: com nosso mundo restrito às nossas casas e com restrições de mobilidade, como não se desestabilizar emocionalmente sem a possibilidade de interagir com o mundo exterior, manter uma vida social saudável e manter nossa rotina? O ser humano é um ser social e essa clausura forçada e súbita afetará a nossa forma de socialização e de permanecermos saudáveis diante de um mundo que se mostra frágil diante de novos vírus, tragédias sociais e climáticas, além de mudanças econômicas.
De acordo com uma pesquisa feito pelo psicólogo Richard Slater na Universidade da Geórgia, nos EUA, a grande perda do contato social que tivemos demandará uma readaptação social radical para aprendermos a investir nosso tempo e energia nas relações que deixamos de alimentar com o trauma da quarentena. Nossa saúde mental sofre com essas mudanças drásticas e é esperado de nós que retomemos as atividades como se nada tivesse acontecido – as mortes, os fins de ciclo e os projetos deixados para trás.