• 03/05/2024

Caso da vacina: PF trabalha com duas possibilidades de crimes envolvendo Bolsonaro e Mauro Cid

Polícia Federal tem trabalhado com duas hipóteses criminais no inquérito que apura se houve fraude na carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus auxiliares. A primeira é a do crime de inserção de dados falsos no sistema eletrônico do Ministério da Saúde, o que, se comprovado, prevê uma pena de até 12 anos de prisão. A segunda é a formação de uma associação criminosa para praticar o delito. Nesse caso, a punição poderia chegar a até três anos de reclusão.

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Investigadores descartam a possibilidade de apurar uso de documento falso e falsidade ideológica, cuja pena é de até cinco anos de prisão, porque seria de difícil comprovação no inquérito em andamento. Isso ocorre porque os locais que exigem a apresentação de comprovante de vacinação só conferem visualmente o documento, sem armazenar cópias.

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No crime de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde, há a suspeita de que Bolsonaro tenha tido conhecimento e sido beneficiado pela fraude, o que o colocaria na condição de partícipe do esquema, segundo investigadores.

De acordo com a PF, os indícios do inquérito apontam que todos os envolvidos no esquema tinham consciência da inserção dos dados falsos, porque geraram os certificados de vacinação com seus perfis no aplicativo ConecteSUS. A diferença entre Bolsonaro e os demais suspeitos é que o certificado do ex-presidente foi gerado por seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, de dentro do Palácio do Planalto. O militar é apontado como autor do crime por ter arquitetado a fraude que beneficiou ele próprio e sua família.

Procurado, o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que defende Bolsonaro, informou que não vai comentar o inquérito em andamento. O ex-presidente tem negado irregularidades e deverá apresentar a sua versão dos fatos na próxima terça-feira, quando prestará depoimento à PF.

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“Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final”, declarou Bolsonaro, após ser alvo de busca e apreensão no dia 3 de maio.

Em declarações públicas, a defesa de Bolsonaro tem alegado ainda que o ex-presidente, na condição de chefe de Estado até dezembro passado, não precisou apresentar o seu comprovante de vacinação para entrar nos Estados Unidos. Para a PF, no entanto, a principal linha de apuração não é o uso do documento falso, mas sim se o ex-mandatário tinha conhecimento e se beneficiou da fraude.

Procurada, a defesa de Mauro Cid não se manifestou. O ex-ajudante de ordens avalia a possibilidade de admitir as fraudes.

Vacina fake

As vacinas registradas em nome de Bolsonaro foram inseridas no sistema da Saúde no dia 21 de dezembro do ano passado, às 18h59 e às 19h, antes de embarcar para uma viagem aos Estados Unidos. Segundo esse registro falso, o ex-presidente teria tomado a primeira dose da Pfizer em 13 de agosto e a segunda em 14 de outubro, no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ).

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Seis dias depois, em 27 de dezembro, os dados de vacinação de Bolsonaro foram apagados do sistema por uma servidora da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), que justificou a exclusão com a anotação de “erro”, de acordo com a PF.

Já Mauro Cid é suspeito de ter atuado ativamente na articulação do esquema, conforme apontam mensagens obtidas pela PF. Dados falsos dele, de sua esposa e filhas também foram inseridos no sistema da Saúde, segundo investigadores, o que o torna beneficiário das fraudes apuradas.

(Agência O Globo)

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