• 07/05/2024

Guerra na Ucrânia: como explicar o conflito para as crianças?

Por Portal Exame 

Tanques nas ruas, bombardeios noturnos, prédios destruídos e sirenes que alertam para novos ataques. Se as imagens do avanço das tropas russas na Ucrânia assustam os adultos, imagine o impacto de uma guerra em pleno 2022 para as crianças?

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Desde o dia 24 de fevereiro, o conflito entre Ucrânia e Rússia é o principal assunto no noticiário em todo o mundo. Mas como explicar para as crianças o que está acontecendo num país distante que agora está o tempo todo da televisão?

“Infelizmente, é uma oportunidade de mostrar para as crianças que os adultos falham e seus atos podem levar ao sofrimento real de pessoas”, diz o pediatra e sanitarista Daniel Becker. “As pessoas vivem dizendo que crianças são birrentas, mas elas são muito menos violentas que os adultos.”

Becker aconselha que os pais ressaltem neste momento que o diálogo é a única maneira para se resolver conflitos, e não a violência. Ele lembra também que para as crianças maiores, por volta dos 10 anos, é possível ser mais explícito sobre temas como mortes de civis, inclusive de crianças, em decorrência dos confrontos militares.

Outra sugestão de Becker aos pais é que tentem explicar aos seus filhos o contexto histórico da guerra, uma vez que os conflitos armados envolvem interesses econômicos conflitantes e ressentimentos mútuos de longa data.

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Veja abaixo alguns fatos importantes na história da Ucrânia que podem ajudar os pequenos entenderem o momento atual.

Entrada forçada na URSS

Ucrânia anos 20: celebração nas ruas de Kiev com a formação da URSS (Corbis/Getty Images)

O território que hoje é a Ucrânia chegou a fazer parte do antigo Império Russo. Após a Revolução Russa, o país foi absorvido pela União Soviética (URSS) em 1922, com a unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia.

Independência em 1991

A man holds a sign above the crowd at a Ukrainian pro-independence rally in 1991. (Photo by Peter Turnley/Corbis/VCG via Getty Images)

Multidão em um comício pró-independência ucraniana em 1991 (Peter Turnley/Corbis/Getty Images)

A União Soviética foi dissolvida em 8 de novembro de 1991, após o enfraquecimento econômico do bloco e o fortalecimento de movimentos separatistas, inclusive, na Ucrânia. No dia 1º de dezembro de 1991, quase 29 milhões de ucranianos votaram em um plebiscito a favor da independência do país, o que representava 92% dos eleitores.

Conflitos de 2014 e perda da Crimeia

Manifestantes em 2013 protestam contra o governo ucraniano, então alinhado aos interesses da Rússia (Alexander Koerner/Getty Images)

As tensões entre Ucrânia e Rússia voltaram a aumentar no final de 2013, quando protestos se espalharam na Ucrânia exigindo maior integração com a Europa. Sob pressão popular e internacional, o Parlamento depôs o então presidente pró-Rússia, o que o presidente russo Vladimir Putin viu como uma afronta.

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Em resposta, o Kremlin apoiou separatistas na Crimeia, onde já vivia numerosa população de origem russa, o que se desdobrou na anexação da região em 2014. Os conflitos na fronteira leste da Ucrânia deixaram 14.000 mortos nesses sete anos.

Junto e misturado

Movimentos separatistas no leste da Ucrânia se apóiam no sentimento de alinhamento cultural e étnico à Rússia (Hennadii Minchenko/Getty Images)

Os laços históricos e culturais entre russos e ucranianos são profundos. Parentes de russos moram na Ucrânia, assim como famílias de origem ucraniana vivem na Rússia.

Nas cidades de Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia e próximas da fronteira com a Rússia, surgiram movimentos separatistas apoiados no sentimento local de que a população que reside ali é na verdade russa, pois compartilha língua, etnia, costumes e é mais alinhada com a mentalidade da Rússia.

Com o apoio de Moscou, a partir de 2019 começaram a ser distribuídos passaportes russos para moradores de Luhansk e Donetsk. Estima-se que cerca de 25% da população tenha dupla cidadania.

Celeiro da Europa

DONETSK REGION, UKRAINE - JULY 10, 2020: Agricultural machinery harvest winter wheat in a field of the Zarya-Agro state-owned farming enterprise near the village of Krasnoarmiyske, Novoazovsky District. Valentin Sprinchak/TASS (Photo by Valentin Sprinchak\TASS via Getty Images)

Colheita de trigo na Ucrânia, país que é um dos maiores produtores globais do grão (Valentin Sprinchak\TASS/Getty Images)

O solo da Ucrânia é um dos mais férteis do mundo, por isso, o país é conhecido como o celeiro da Europa. A Ucrânia é um dos grandes produtores mundiais de trigo e um dos principais exportadores do grão, assim como a Rússia. Mas o país também é um importante exportador de milho e de óleo de girassol.

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Além de potência agrícola, a Ucrânia tem uma expressiva produção de minérios e carvão mineral, concentrada na região de Donbass, onde há um movimento separatista apoiado pelos russos. Os primeiros ataques na Ucrânia ocorreram justamente nessa região.

Aproximação da Europa

BRUSSELS, BELGIUM - FEBRUARY 11: Flags of members of North Atlantic Treaty Organization (NATO) wave outside of the NATO Headquarters in Brussels, Belgium on February 11, 2020 ahead of NATO Defence Ministers' Meeting to be held tomorrow. (Photo by Dursun Aydemir/Anadolu Agency via Getty Images)

Sede da Otan em Bruxelas, na Bélgica. A organização reúne 30 países, incluíndo ex-repúblicas soviéticas (Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Getty Images)

Uma das principais alegações da Rússia para o início dos ataques são os movimentos de aproximação da Ucrânia com a União Europeia e a Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Criada em 1949, a Otan é uma aliança militar que surgiu sob a liderança dos Estados Unidosem oposição à então União Soviética no período da Guerra Fria.

Hoje a aliança reúne 30 países como EUA, Canadá, Reino Unido e França, além de antigas repúblicas soviéticas, como Estônia e Letônia (que fazem fronteira com a Rússia). Vladimir Putin acusa, portanto, a Otan de estar “cercando” o país e exige que a aliança pare sua expansão rumo aos países do leste europeu.

Invasão e bombardeios

Prédio na capital Kiev atingido por míssel russo (Pierre Crom/Getty Images)

Desde o dia 24 de fevereiro, a Rússia tem atacado diferentes regiões da Ucrânia. O conflito já soma 198 mortos (até 26 de fevereiro) e dezenas de milhares de pessoas já fugiram do país.

Estima-se que no terceiro dia de conflito mais da metade das tropas da Rússia que estavam posicionadas na fronteira com a Ucrânia já haviam sidos deslocadas para dentro de país.

Os militares russos tentam tomar a capital Kiev e derrubar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, eleito em 2019.

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