O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou nesta terça-feira, 10, que vai deixar o cargo após denúncias de assédio sexual.
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Cuomo fez um pronunciamento e negou intenção sexual nas suas ações, mas disse que assume “toda responsabilidade”. A vice-governadora, Kathy Hochul, assume o cargo após 14 dias de transição. Ela será a primeira mulher a assumir o cargo.
Uma investigação de cinco meses feita pela procuradora-geral do estado, que revelou que Cuomo assediou sexualmente várias mulheres, infringindo a legislação estadual e federal, criando um “clima de medo” em seu escritório.
O relatório mostrou que Cuomo apalpou, beijou e abraçou mulheres sem consentimento e que fez comentários inadequados a um total de 11 delas, disse a procuradora-geral Letitia James, acrescentando que o gabinete do democrata se tornou um “ambiente de trabalho tóxico” que permitiu que o assédio ocorresse.
“Estas 11 mulheres estavam em um ambiente de trabalho hostil e tóxico. Deveríamos acreditar nas mulheres”, disse a procuradora, que também é democrata. “O que esta investigação revelou foi um padrão de conduta perturbador do governador do grande Estado de Nova York”, acrescentou.
As conclusões, detalhadas do relatório contundente de 168 páginas, tornou inviável a permanência do governador no cargo. A pressão pela renúncia partiu de importantes aliados e até do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um amigo de longa data do governador. Os líderes da Assembleia Estadual, que é controlada por democratas, começaram a redigir artigos de impeachment.
Cuomo renunciou ao enfrentar o espectro da destituição forçada do cargo por meio de um impeachment e estava prestes a se tornar apenas o segundo governador a sofrer impeachment na história do estado.
Ao negar as acusações, Cuomo, um político veterano que se tornou especialmente popular durante a pandemia da covid-19, disse que tinha o hábito de beijar e tocar as pessoas como um gesto de cordialidade e amizade, muitas vezes em público.
A renúncia de Cuomo marca a segunda vez em 13 anos que um governador de Nova York renuncia após um escândalo — em 2008 foi Eliot Spitzer que deixou o cargo por envolvimento com uma rede de prostituição de luxo.
Mulher que denunciou Cuomo sai do anonimato e pede justiça
A mulher que denunciou por assédio sexual o governador de Nova York, Andrew Cuomo, saiu do anonimato ao dar uma entrevista à televisão, na qual narrou como seu “trabalho dos sonhos” se tornou “um pesadelo”.
“O governador precisa prestar contas. O que fez comigo é um crime. Ele violou a lei”, declarou Brittany Comisso à CBS News.
Commisso, que entrou com uma ação criminal contra o político na semana passada na capital do estado, Albany, detalhou suas alegações, num momento em que Cuomo enfrenta pressão para renunciar e possíveis batalhas judiciais.
Comisso é uma das onze mulheres citadas no relatório divulgado na semana passada pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que acusa Cuomo de assédio sexual. No documento, ela é identificada de maneira anônima como “assistente de direção #1”. “Eu também sou Brittany Commisso. Sou uma mulher, tenho uma voz e decidi usá-la”, afirmou na entrevista.
“Para mim, era um trabalho dos sonhos e infelizmente se tornou um pesadelo”, completou. Em 25 minutos de extratos da entrevista divulgados nesta segunda-feira pela CBS, a mulher narra como o governador passou de “abraços de despedida” a “abraços cada vez mais apertados com beijos na bochecha”.
Finalmente, em uma ocasião, Cuomo “virou rapidamente o rosto para me beijar na boca”, acusou.
Commisso também lembrou de dois incidentes mencionados no relatório, o primeiro quando o governador teria agarrado seu traseiro ao tirar uma ‘selfie’, e depois, em novembro de 2020, em sua residência oficial, quando teria passado a mão por baixo da blusa para tocar seus seios.
(Portal Exame)