Por ANSA
O papa Francisco expressou “vergonha” e “tristeza” nesta quarta-feira (6) pela revelação de que mais de 300 mil menores de idade foram vítimas de violência sexual por parte de religiosos e leigos na Igreja Católica da França.
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Em sua audiência semanal com fiéis no Vaticano, o pontífice afirmou que, “infelizmente”, os números do relatório francês são “consideráveis”.
“Desejo expressar às vítimas minha tristeza e minha dor pelo trauma que elas sofreram e também minha vergonha, nossa vergonha, pela longa incapacidade da Igreja de colocar isso no centro de suas preocupações”, disse o Papa.
O relatório foi preparado por uma comissão independente nomeada pela Conferência Episcopal da França e presidida pelo magistrado Jean-Marc Sauvé.
Ao fim de dois anos e meio de investigação, o documento concluiu que pelo menos 216 mil crianças e adolescentes foram vítimas de pedofilia por parte de padres e outros clérigos da Igreja francesa desde 1950.
No entanto, esse número chega a 330 mil quando também se leva em conta agressores leigos que trabalhavam para as instituições católicas, como sacristãos e professores. De acordo com o relatório, o número de padres pedófilos no país entre 1950 e 2020 é estimado entre 2,9 mil e 3,2 mil.
“Esse é o momento da vergonha”, acrescentou Francisco, pedindo para os bispos e outros religiosos “continuarem realizando todos os esforços para que dramas similares não se repitam”.
De acordo com Sauvé, a Igreja não apenas ignorou as denúncias de abusos na França, mas também manifestou uma “indiferença profunda e cruel em relação às vítimas”. O magistrado ainda cobrou indenizações para as pessoas que sofreram violência sexual por parte de membros do clero.
Os recorrentes escândalos de pedofilia em diversos países, como Áustria, Chile, Estados Unidos e Irlanda, mancharam a imagem da Igreja Católica no mundo e aumentaram a pressão para o Papa tomar medidas efetivas para coibir esse tipo de crime.
Uma das ações mais importantes anunciadas por Francisco é uma norma que obriga membros do clero a denunciar suspeitas de violência sexual às autoridades eclesiásticas. Além disso, Jorge Bergoglio aboliu o segredo pontifício sobre casos de pedofilia.
No entanto, vítimas alegam que isso ainda é pouco, já que punições a padres pedófilos, tanto em âmbito eclesiástico quanto na esfera criminal, continuam raras.
Foto: ANSA / Ansa – Brasil