Duas centenas de estrangeiros no Afeganistão, norte-americanos entre eles, devem partir de Cabul em voos fretados nesta quinta-feira, já que o novo governo do Talibã concordou com sua retirada, disse uma autoridade dos Estados Unidos.
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As partidas estarão entre os primeiros voos internacionais a decolarem do aeroporto de Cabul desde que a milícia islâmica tomou a capital em meados de agosto, desencadeando a retirada caótica de 124 mil estrangeiros e afegãos em risco liderada pelos EUA.
A notícia chega dois dias depois de o Talibã anunciar um governo interino composto principalmente por homens pashtuns, entre eles suspeitos de terrorismo procurados e radicais islâmicos, o que acaba com as esperanças internacionais de uma gestão mais moderada.
O Talibã foi pressionado a permitir a saída de Zalmay Khalilzad, representante especial dos EUA, disse a autoridade norte-americana, que falou à Reuters sob condição de anonimato.
Essa autoridade não soube dizer se civis norte-americanos e outros cidadãos estrangeiros estão entre as pessoas retidas há dias em Mazar-i-Sharif, uma cidade do norte afegão, porque seus voos fretados não receberam permissão para partir.
O anúncio de terça-feira de um novo governo foi visto amplamente como um sinal de que o Talibã não almeja ampliar sua base e apresentar uma face mais tolerante ao mundo, como havia insinuado que faria.
Todos os ministros são homens e quase todos são pashtuns, o grupo étnico que predomina no bastião do grupo no sul do país, mas que representa menos da metade de sua população.
CAUTELA
Países estrangeiros receberam o anúncio sobre o governo interino com cautela e consternação na quarta-feira. Em Cabul, dezenas de mulheres foram às ruas para protestar e vários jornalistas que cobriam a manifestação disseram que combatentes do Talibã os detiveram e espancaram.
Mais tarde, o novo Ministério do Interior disse que, para evitar distúrbios e problemas de segurança, qualquer pessoa que queira protestar deve pedir permissão com 24 horas de antecedência.
Protestos de mulheres e homens estão sendo contidos porque existe uma ameaça de segurança de combatentes do Estado Islâmico, disse um ministro do Talibã que não quis ser identificado. Qualquer ataque a jornalistas será investigado, acrescentou.
Muitos críticos pedem que a liderança respeite direitos humanos básicos e reative a economia, que enfrenta um colapso em meio a uma inflação elevada, escassez de alimentos e a perspectiva de a assistência internacional ser cortada à medida que países tentam isolar o Talibã.
(Reuters)