Em busca de continuar o trabalho e trazer renda para dentro de casa, mulheres de áreas rurais do Distrito Federal estão se reinventando e aproveitando os nichos abertos pela crise causada pela pandemia do coronavírus. Com as notícias sobre a necessidade do uso de máscaras e a ausência delas no mercado, essas mulheres, assistidas pela Emater-DF, começaram a fabricar e anunciar em suas redes sociais.
Esse é o caso de mulheres como a Josi Camargo, 42 anos, moradora do Caub I, área rural do Riacho Fundo I, da Priscila Cutrim Oliveira, 33 anos, de Tabatinga, núcleo rural de Planaltina-DF, e da Alane Oliveira, 43 anos, do núcleo rural Capão da Erva, no Paranoá. Todas tiveram que buscar outras formas de garantir renda e encontraram a alternativa na produção de máscaras de proteção.
Alane é produtora de hortaliças, faz costuras e artesanato. Com a procura por máscaras de proteção e a escassez do mercado, ela conta ter começado a fazer as peças logo no início da pandemia. Escolheu o tecido tricoline, mas, no início, as pessoas rejeitavam. Após uma fala de autoridades da saúde recomendando o técido, viu a demanda pelas máscaras aumentar.
“O que me incentivou a fazer máscaras foi a qualidade das que estavam sendo oferecidas e os preços muito altos. Como precisei pro meu marido e filhos, que são asmáticos, fiz para eles e as pessoas começaram a procurar. Montei um Instagram e já tinha a página do ateliê”, explica. Com a Alane, os pedidos são realizados pelas redes sociais ou pelo telefone celular, por meio de chamada ou pelo WhatsApp (61-99506-7474). Por meio da ajuda da sobrinha, as entregas são realizadas no Plano Piloto e no Paranoá. Suas máscaras são vendidas a R$ 5 a unidade.
De plantas a máscaras
Juntamente com a mãe, dona Nedina Bento, 76 anos, três irmãs e a filha, Josi, que é produtora de plantas suculentas no Caub, viu suas vendas caírem drasticamente com a crise. Foi então que, diante da necessidade, resolveu apostar na produção de máscaras para comercializar.
As irmãs de Josi fizeram curso de costura pela Emater-DF e o escritório da empresa em Vargem Bonita tem se solidarizado com a situação e auxiliado na divulgação. “Eu tenho uma estufa de produção de suculenta e também faço pintura em tecido. Como não são produtos de primeira necessidade, está tudo parado. A alternativa foi buscar o que o mercado está precisando e que nós podemos fazer”, conta.
Extensionista da Emater-DF em Vargem Bonita, Janaina Dias disse que os funcionários têm feito encomendas e estão mobilizados na divulgação. “Nesse momento difícil, estamos ajudando na divulgação, conseguimos fazer algumas vendas dentro da própria Emater e estamos auxiliando para ver se a gente as inclui em oportunidades de comercializações”, ressalta.
Segundo Josi, as máscaras são feitas conforme a recomendação da saúde, em duas camadas de tecido e com detalhes dentro dos padrões de segurança. Hoje, a família consegue produzir aproximadamente 50 máscaras por dia. Os valores seguem uma média de R$ 8 a R$ 15. “Estamos prezando muito pela qualidade e pela higiene. Antes de entregar, a gente deixa dez minutos no sabão neutro, lava, deixa secar, passa em ferro quente e depois borrifa álcool antes de colocar dentro do saquinho”. Os pedidos são realizados pelo telefone da Josi (61-99633-2018).
Oportunidade
Para a extensionista Selma Tavares, essa adaptação ao cenário é muito importante e as pessoas devem pensar em alternativas diante do momento. “O interessante é que essas mulheres na dificuldade estão aproveitando o mercado que está se abrindo e buscando se reinventar. É importante que as pessoas apoiem e incentivem comprando esses e outros produtos locais”, destaca.
Moradora de Tabatinga, núcleo rural de Planaltina-DF, Priscila Cutrim Oliveira, 33 anos, trabalha como artesã confeccionando e vendendo peças em tecido, como bolsas, carteiras, necessaire e peças para crianças como babados em fraldas e utilitários de bolsas. Com a ausência de compradores para os seus produtos, ela conta que o grupo de artesãos de que ela participa vislumbrou essa oportunidade de venda, já que as máscaras descartáveis estavam em falta.
“O pessoal parou de comprar o que eles viam como supérfluo, então resolvemos ir para o item de necessidade”, diz. De acordo com ela, os pedidos chegam por meio das redes sociais e do WhatsApp (61-98174-1436). Priscila fica com a parte de confecção e o marido deixa na cidade, em Planaltina, onde as pessoas buscam as encomendas. Por dia, sua produção chega a 20 máscaras, que são vendidas a R$ 10 a unidade.
“Só estou trabalhando com a máscara bico de pato, mais redondinha. Ela é mais fácil de adaptar a respiração do que a outra. O que tá mais difícil agora é matéria- prima, como tecido e elástico. O elástico está cinco vezes mais caro. A gente tá fechando uma compra emergencial em Goiânia porque aqui em Brasília tá impraticável o preço”, contou.
Priscila afirma que diante da procura, o tecido também ficou caro, mas que suas máscaras são feitas com o tricoline, em duas camadas e uma entretela feita com um tecido tipo TNT, colável no tecido. “O tecido fica mais firme e não deixa passar o vírus. Conversei também com uma prima que é enfermeira para que a gente possa fazer um produto detalhado e de qualidade”, explicou.
Contatos para pedidos:
Priscila Cutrim
Telefone (61) 98174-1436
Instagram: @pricutiatelie
Josi Camargo
Telefone: (61) 99633-2063
Instagram: @josyb.camargo
Alane Oliveira
Telefone: (61) 99506-7474
Instagram: @mascarasdf
(Agência Brasília)