A Polícia Civil irá relatar, nesta terça-feira (31/12/2019), o inquérito que apura a morte de Luciana de Melo Ferreira, 49 anos. O principal suspeito do crime é o ex-namorado dela, Alan Fabiana Pinto de Jesus, 45. Câmeras de segurança do prédio onde Luciana morava, no Sudoeste, registraram o momento em que o vigilante monitora a chegada da vítima no apartamento, na noite de 21 de dezembro. Nesta segunda-feira (30/12/2019), investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) irão até o Instituto Hospital de Base (IHBDF), onde Alan está internado, para colher seu depoimento.
Segundo o delegado-chefe da 3ª DP, Ricardo Vianna, o suspeito ainda fala de forma desconexa e apresenta confusão no momento de falar sobre os momentos que precederam o crime. “De fato, ele sofreu um traumatismo craniano, mas vamos tentar ouvi-lo formalmente e concluir o termo de declaração”, disse. O delegado afirmou, também, que as investigações prosseguem com o pedido de algumas medidas cautelares em relação a objetos que desapareceram do apartamento da vítima, como a bolsa de Luciana.
Crueldade
O assassinato de Luciana foi cometido com requintes de crueldade. A brutalidade causou comoção até mesmo entre os investigadores do caso. “Crime hediondo, cruel, repugnante e covarde”, disse Viana. A perícia da Polícia Civil concluiu que Luciana “lutou para não morrer”.
“Em conversa com o médico, descobrimos que Alan teria cometido o crime no sábado e no domingo tomou posto em seu trabalho, no Ministério da Economia. Deu entrada no dia 22 de dezembro de 2019, no Hran [Hospital Regional da Asa Norte] com traumatismo cranioencefálico. No dia seguinte, foi transferido para o Instituto Hospital de Base. Segundo o médico, ele realmente tem microlesões no cérebro. Ele está aparentemente aéreo, viajante, diz não saber o que estava acontecendo e que desconhecia a vítima”, disse o delegado.
A PCDF ainda desconhece o que teria provocado a lesão no suspeito. “Não podemos afirmar que tenha sido provocada durante a luta com a vítima. Ele não conseguiu falar nada, mas é fato que ele sofreu o trauma. Também é fato, e os peritos comprovaram, que a vítima lutou para não morrer”. Os investigadores não descartam a hipótese de que o trauma tenha sido provocado durante uma possível tentativa de suicídio de Alan.
Dia do crime
Nas imagens , é possível observar que o vigilante e ex-namorado da vítima observa a movimentação no apartamento. Quando nota a chegada da vítima, Alan desce as escadas correndo, munido de um objeto. A suspeita é de que o artefato tenha sido usado para golpear Luciana. O corpo da mulher tinha pelo menos “40 marcas de perfuração por objeto perfurocortante”, conforme informado pelos investigadores.
“As imagens mostram que o crime foi premeditado. Nos vídeos, ele aparece vigiando a vítima, monitorando a chegada da Luciana. Sabemos que ele ficou de campana à espera dela”, explicou o chefe da 3ª Delegacia de Polícia.
Cerca de 30 minutos depois, o vigilante é flagrado deixando a portaria do edifício. Ele carrega uma bolsa nas mãos. Para o delegado, foi uma tentativa de desviar a linha de investigação da PCDF, dando a entender que o crime seria um latrocínio (roubo seguido de morte). A suspeita é de que Alan tenha entrado na portaria após digitar a senha de acesso na entrada.
Tornozeleira
Alan usava tornozeleira eletrônica até 4 de dezembro. O motivo foi uma tentativa de homicídio contra Luciana. Segundo informações obtidas, o acusado teria provocado um acidente de carro de propósito para ferir a vítima quando ela disse que queria terminar o relacionamento. A tentativa de feminicídio ocorreu em outubro deste ano.
O vigilante a ameaçou de morte e jogou o carro em que ambos estavam contra uma árvore. Luciana pulou momentos antes da colisão e se feriu.
Na época, o homem, que é morador de Ceilândia, foi preso em flagrante e denunciado por violência doméstica. Ele passou semanas detido, até que a Justiça concedeu liberdade, mediante uso de tornozeleira eletrônica. Em 21 de outubro, foi realizada a audiência de custódia.
Para ser solto, Alan teve que, além de usar tornozeleira, pagar fiança de R$ 2 mil e se comprometer a manter distância de ao menos 500 metros da vítima. Em 4 de dezembro, a Justiça autorizou a retirada do dispositivo.
(Metrópoles)