O álbum da Copa do Mundo é tradição entre os colecionadores e amantes de futebol no Brasil e não é de hoje. Este ano, porém, há um fato novo envolvendo as figurinhas. Algumas consideradas raras, como as de Neymar, Cristiano Ronaldo, Messi, entre outros craques, foram anunciadas em sites de compra e venda por até nove mil reais. Chamados de “Legends”, os selos especiais estão sendo distribuídos nas versões Bordô, Bronze, Prata e Ouro, sendo o último o mais raro.
Veja também
Parcelas do Auxílio Brasil pagas às segundas passam a ser antecipadas
Esses valores levantaram muitas discussões para tentar entender os motivos das pessoas pagarem uma cifra tão alta por um selo especial. O influenciador Felipe Neto, por exemplo, chegou a pedir aos seus seguidores por uma figurinha de ouro e afirmou estar disposto a pagar pelo item.
Sylmara Multini, CEO da IDG NFT (International Digital Group), empresa especializada em tecnologia com foco comercial em NTFs, entende que, para um colecionador que tem condições de pagar por isso, o que vale é contar com o item em sua coleção, independente do preço.
“Recentemente, uma figurinha de 1952, do Mickey Mantle, jogador de Baseball, foi vendida por US$ 12,6 milhões (cerca de R$ 64 milhões). Ou seja, é um valor bem acima da figurinha de 9 mil reais, relacionada ao álbum da Copa. Isso comprova que a raridade continua instigando colecionadores ao redor do mundo”, explica Sylmara.
Em 2022, o pacote de figurinhas aumentou o dobro do valor em relação ao último Mundial, passando de dois reais, em 2018, para quatro reais na atual edição. Apesar de estar mais caro para adquirir os selos, na visão do executivo Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e grandes negócios no futebol, a procura pelo álbum não deve diminuir.
“A exclusividade deste licenciamento é medida a cada edição da Copa. Já é um produto de sucesso. Acredito que o ato de colecionar, trocar, conhecer pessoas novas, relembrar álbuns passados, relacionar com a família, finalizar o álbum… tudo isto traz valor ao produto que, em meio a um mundo digitalizado, proporciona o contato entre pessoas conhecidas e desconhecidas, tornando tais momentos mais do que especiais”, observa Salviano.
Segundo matéria veiculada pelo The Guardian, a Panini registrou vendas de US$ 1,4 bilhão (£ 1,2 bilhão) em 2018 devido à forte demanda por seus adesivos da Copa do Mundo da Rússia. Isso foi mais que o dobro da receita de US$ 613 milhões alcançada pela empresa em 2017.
“Não tenho dúvidas de que será um novo recorde, porém acredito que podem ser implementadas doses de inovação e experiências. Imaginem um álbum virtual que acompanha o físico; uma figurinha especial super rara valendo uma chamada de vídeo com um dos atletas; um QRCode com uma mensagem gravada ou até mesmo um ‘vale camisa autografada’. Tudo isso iria abrilhantar e trazer engajamento ao projeto que já é um sucesso”, acrescenta Rene.
Só no último mês, o termo ‘Álbum da Copa do Mundo de 2022′ aumentou em 50 vezes na barra de pesquisa do Google. “Esse é um momento esperado por muitos. Meu filho de 5 anos, por exemplo, nunca deu muita atenção ao futebol, mas o álbum o fez virar a chave. Ele começou a colecionar, citar os nomes dos jogadores, as bandeiras das nações, vibrar a cada pacotinho com as figurinhas novas e a almejar as mais difíceis e raras. É um costume que geralmente desperta o interesse da pessoa desde criança e proporciona sentimentos, muitas vezes, intangíveis criando um valor inimaginável nos selos mais raros”, esclarece Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo.