Por Alto Astral
Violência física e psicológica, competição em condições extremas, suicídio, sexo. Essa é a fórmula da de Round 6, da Netflix, a série do momento. Com 9 episódios, a história gira em torno de uma disputa por sobrevivência à la Jogos Vorazes, mas com uma pegada um tantinho mais pesada. Quem perde, morre. A atração sul-coreana tem feito o maior sucesso, principalmente entre pré-adolescentes e adolescentes, o que tem deixado pais e educadores de cabelo em pé.
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A classificação etária é de 16 anos, mas usuários bem mais novinhos da plataforma têm assistido e comentado a respeito de suas sequências sangrentas. Para se ter uma ideia, uma escola do Rio de Janeiro enviou um comunicado aos pais dos alunos do ensino fundamental pedindo que NÃO assistam Round 6, que traz no enredo uma boneca bizarra (alô, Halloween!) e referências com toques de sadismo a brincadeiras infantis coreanas.
Aqui cabe a pergunta: proibir os filhos de conferir algo de que está todo mundo falando é, de fato, a melhor alternativa? Para o pediatra e neurologista infantil Clay Brites, um dos idealizadores do Instituto NeuroSaber, cenas muito pesadas ou de teor sexual exigem um certo controle por parte dos pais conforme a idade. “Se a série não foi idealizada para crianças pequenas, elas não devem assistir. Mesmo que o argumento seja o de que ‘minha turma toda assiste’, é preciso explicar que cada família tem seus valores e escolhas e ser firme”, avisa o especialista.
Porém, um pouco de flexibilidade se faz necessária. Clay aconselha que os pais vejam a série e façam uma espécie de curadoria do conteúdo, analisando se alguns episódios podem ser vistos pelos filhos.
Para a psicóloga Alessandra Augusto, os pais precisam saber o que os filhos assistem, até para ter um julgamento melhor. “Proibir não é a melhor alternativa, até porque aquilo que é proibido acaba despertando maior curiosidade. É natural que pré-adolescentes a partir dos 11 anos manifestem o desejo de ver uma série de sucesso. Mantê-los em uma espécie de bolha não é saudável, porque, se assim o desejarem, vão dar um jeito de assistir no celular do amigo, por exemplo”, comenta.
Ela aconselha que os pais assistam Round 6 junto com os filhos para abrir um canal de diálogo na família. Os episódios podem servir de tema para conversas sobre comportamentos adequados ou não, linguajar empregado e até como uma forma de despertar o interesse do pré-adolescente para atividades que tenham a ver com a série, como o idioma coreano, cultura asiática ou artes marciais.