“Já que eu ganhei um pouco mais neste mês, vou comprar uma blusinha.” “Ah, já que eu não vou conseguir juntar dinheiro neste mês, vou pedir uma comida no delivery.” Segundo Bruna Allemann, especialista em educação financeira da empresa de renegociação de dívidas Acordo Certo, esse pensamento, muito comum entre millennials e na geração Z, faz as pessoas gastarem mais do que realmente deveriam.
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“A falta de uma cultura de educação financeira faz com que as pessoas acreditem que o bem-estar financeiro se resume a pagar contas todos os meses ou não ter nenhuma dívida. Mas não é bem assim que funciona. Ter o hábito de poupar é caminhar rumo a uma vida mais segura financeiramente”, explica Allemann.
A especialista reforça que a despreocupação com o dinheiro é um hábito mais comum do que parece. De acordo com uma pesquisa da Anbima (a associação das entidades do mercado financeiro), 11% da população economicamente ativa é despreocupada em relação ao dinheiro. Entre eles, a frase mais recorrente é “não me preocupo tanto em poupar, prefiro viver o presente. Não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Tempo é precioso quando pensamos em investir”.
“Gastar sem pensar e querer gratificações imediatas é um risco muito alto quando olhamos para o longo prazo. As pessoas perdem a oportunidade de usufruir de uma reserva financeira em casos de emergência, de investir em uma velhice segura, de recorrer a um plano médico melhor, além de apoiar seus familiares em casos de necessidade”, afirma.
Com planejamento, é possível poupar e também fazer compras, se divertir, viajar e realizar novas experiências, diz Allemann.
A especialista selecionou 5 dicas para aqueles que querem abandonar o hábito do gasto desnecessário e começar a poupar ainda neste ano:
1. O começo é simples: papel e caneta
Primeiramente, anote custos fixos e supérfluos, palavra que é sinônimo dos tais “gastos por merecimento”. Faça esse exercício por três meses. As anotações trazem uma grande clareza de quanto você gasta com “pequenos mimos”, além de mostrar quanto poderia ser poupado.
Se isso não der certo, anote tudo o que foi comprado nos últimos três meses e coloque em uma folha o quanto cada objeto ou serviço foi essencial para você. Muitas vezes, o que foi comprado nessa gratificação pessoal deve ter sido utilizado poucas vezes ou, até mesmo, nenhuma. A partir disso, é possível visualizar se aquela foi uma compra consciente ou por compulsão.
2. Se organize!
Depois de colocar os custos na folha de papel, existe um passo muito importante: aprender a lidar com eles.
Para isso, não tenha medo nem vergonha de falar “não posso fazer isso agora”, ou melhor, “isso não é prioridade neste momento”. É a partir desse posicionamento que a mudança irá acontecer. Sem determinação e organização, o equilíbrio financeiro não se concretiza.
3. Calcule o seu tempo
Já parou para pensar quanto tempo você leva para ganhar 100 reais? Pois existe um exercício que nos ajuda a mensurar essa remuneração. Pegue seu salário e o divida pelas horas trabalhadas no mês. Agora divida por 100 o valor que você encontrou no cálculo anterior. Viu só?! Este é o tempo do seu esforço.
Tendo em mente o tempo que você demora para conquistar os suados 100 reais, fica mais fácil mentalizar se aquele gasto enorme que você demorou — hipoteticamente — 10 minutos para fazer vale realmente a pena.
4. Tenha um planejamento financeiro e revise sempre que necessário
Anote o valor total de suas receitas, ou seja, tudo que você ganha no mês. Aqui é importante não contar com aquelas rendas que aparecem só de vez em quando. A partir disso, divida o papel em três colunas: 50%, 30% e 20%.
Na primeira coluna, escreva todos os seus custos fixos com moradia, alimentação, educação, transporte e saúde. Eles devem ser equivalentes a 50% de sua renda mensal.
Já na segunda coluna coloque todos os custos do seu merecimento mensal, que devem corresponder a, no máximo, 30% de sua renda. Na última coluna, os 20% do valor que você recebe será o valor que você irá poupar.
Após finalizar esse processo, é possível observar que os custos não se encaixam perfeitamente nessa regra, mas servirá para nortear quais são prioridades, ou seja: os custos fixos e o dinheiro a ser poupado. O que sobrar vai para a coluna do meio. Essa deverá ser a inteligência da sua reorganização financeira.
Pode ser que seus custos fixos cheguem a 70% do seu salário. Não tem problema: poupe 20% e gaste 10% com supérfluos. Se quiser gastar mais, ajuste seus custos fixos, mas evite deixar de guardar dinheiro.
5. Desfrute do equilíbrio entre gastar, economizar e poupar
Alguns pontos são importantes na trajetória pelo equilíbrio financeiro, como:
• Tenha controle — inclusive emocional — sobre suas finanças;
• Tenha liberdade financeira para aproveitar a vida;
• Tenha foco e compromisso com os seus objetivos pessoais e financeiros;
• Esteja sempre protegido com uma reserva para imprevistos.
Com esse passo-a-passo, é possível ter as contas pagas, guardar dinheiro e ainda se dar mimos com frequência.
(Portal Exame)