Por Portal Exame
A primeira semana de 2022 tem uma agenda externa com potencial de impacto nos mercados financeiros globais, com as divulgações da ata da última reunião do Federal Reserve, o Fed, na quarta-feira, dia 5, e dos dados de emprego nos Estados Unidos — o payroll, em inglês — em dezembro na sexta-feira, dia 7.
No Brasil, o Banco Central dá início à rolagem de contratos de swaps cambiais de março e o Tesouro Nacional começa a ofertar títulos de LFT (Letra Financeira do Tesouro, que são atrelados à Selic) junto com NTN-B (Notas do Tesouro Nacional de série B, atrelados ao IPCA mais uma taxa fixa).
A semana também terá novas projeções do mercado no Boletim Focus, o IGP-DI de dezembro e a produção industrial de novembro como destaques macroeconômicos. A cena corporativa traz uma audiência sobre a privatização da Eletrobras (ELET3, ELET6).
Veja a seguir os cinco principais destaques da primeira semana de 2022:
1. EUA: ata do Fed e emprego
A agenda será movimentada na primeira semana do ano nos Estados Unidos e terá potencial para influenciar as expectativas sobre o ritmo do aperto monetário já sinalizado pelo Fed.
A ata da última reunião do FOMC (o comitê de mercado aberto do Fed) sai na quarta, dia 5; dois dias depois, será divulgado o relatório de emprego de dezembro.
A estimativa mediana do mercado para o payroll é a de uma criação de 400.000 vagas, muito acima das 210.000 vagas em novembro.
Discursos previstos de dirigentes do Fed, como de James Bullard e Thomas Barkin, também podem mexer com as expectativas de investidores.
Na agenda global, serão divulgadas nesta semana os PMIs (Índices de Gerentes de Compras), calculados pelo IHS Markit, na China e na Europa. A evolução da variante Ômicron também deve continuar no foco das atenções, ainda que com certo alívio pela percepção preliminar de que a nova cepa é muito contagiosa mas causa sintomas menos graves.
2. Inflação: Focus e IGP-DI
Na manhã da segunda-feira, dia 3, será conhecido o primeiro Boletim Focus de 2022 com a visão final do mercado financeiro na última semana do ano. Os dados deverão ser novamente avaliados com atenção depois que as pesquisas das últimas semanas mostraram alguma acomodação das expectativas inflacionárias para 2023 e 2024.
O IGP-DI de dezembro será divulgado na quinta-feira, dia 6, depois que o IGP-M do mesmo período ter acelerado mais que o previsto, ajudando a pressionar os juros futuros.
A semana ainda terá a produção industrial de novembro, divulgada pelo IBGE na quinta-feira, dia 6, além da balança comercial do país em dezembro e no ano fechado de 2021, na segunda, dia 3, e os PMIs de dezembro.
3. Leilões do BC e do Tesouro
O Banco Central fará um leilão de 17.000 contratos de swaps cambiais na segunda, dia 3, dando início à rolagem dos 14,1 bilhões de dólares em contratos com vencimento em 2 de março.
No dia seguinte, o Tesouro fará o primeiro leilão de LFT (títulos atrelados à Selic) junto com a venda de NTN-B (títulos atrelados ao IPCA, mais uma taxa fixa). São leilões que ocorrerão agora às terça-feiras, e não mais às quintas-feiras, quanto as LFT eram ofertadas junto com os papéis prefixados.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, disse no último dia 22 que o Tesouro emitirá em 2022 um novo título prefixado com vencimento em 10 anos. Trata-se de uma NTN-F para 2033, que será o prefixado mais longo da curva brasileira, afirmou ele.
O Tesouro também emitirá em 2022 uma NTN-B com vencimento em 2060, que será o mais longo indexado à inflação.
4. Pressão de servidores por reajustes
O superávit primário do setor público consolidado de novembro, divulgado na última quinta-feira, dia 30, foi o dobro do previsto, o que deve ajudar a aliviar a pressão sobre o dólar e os juros futuros.
No entanto o mercado deve seguir monitorando o noticiário sobre demandas por reajustes dos salários de servidores, que ganharam força no fim do ano e que podem acirrar a incerteza fiscal em um ano que também será marcado pelos gastos do novo programa social do governo.
Investidores também seguem acompanhando as pesquisas eleitorais, que têm mostrado a liderança de Lula, com Bolsonaro atrás do petista por ampla diferença.
5. Privatização da Eletrobras
O BNDES reagendou a audiência pública marcada para discutir o processo de privatização da Eletrobras para a próxima quarta-feira, dia 5.
A companhia deverá pagar 25,3 bilhões de reais à União após o processo de capitalização, de acordo com o valor do benefício dos contratos de concessão definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética.
Mas esses valores ainda podem sofrer alterações após manifestação do Tribunal de Contas da União.
A semana ainda terá Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da JSL (JSLG3), da Equatorial (EQTL3) e Ser Educacional (SEER3).