Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no estado de São Paulo, a população brasiliense já começou a ficar preocupada com a possibilidade de a epidemia ter chegado ao Distrito Federal. Até o momento, 22 casos suspeitos foram descartados e outros cinco seguem sob a vigilância atenciosa da Secretaria de Saúde, que ainda providencia exames para detectar a presença do vírus.
“Por enquanto não registramos nenhum caso confirmado. Mas é importante que a população siga atenta à prevenção”, afirma o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Ricardo Tavares Mendes, em entrevista. Segundo ele, a melhor forma de prevenção é lavar as mãos. “Não só para o coronavírus, mas para todas as doenças virais, lavar as mãos é essencial”, acrescenta Ricardo.
nosso plano de contingenciamento do coronavírus foi muito elogiado pelo Ministério da Saúde, porque fizemos um plano casado da assistência à saúde com o perfil epidemiológico.” Ricardo Mendes, secretário-adjunto de Saúde
O médico destaca que o DF já tem um plano de contingenciamento da doença e vai trabalhar com pelo menos três grandes centros de referência em doenças virais: Hospital de Base, Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e Hospital Materno Infantil da Asa Sul (Hmib). Ele esclarece ainda que nem todos os pacientes detectados com o vírus precisa de internação hospital e, tranquiliza: “Já sabemos que quase todos os casos que evoluíram para mortalidade são pacientes que tinham alguma outra doença de base crônica”.
Confira a entrevista:
O que é o coronavírus?
O coronavírus é uma cepa de vírus existente no mundo inteiro. Em 2004, tivemos uma síndrome de angústia respiratória causada por um tipo de coronavírus. Em 2014, tivemos outra infecção deste mesmo vírus, que se espalhou pelo mundo inteiro. E, agora, identificamos uma nova cepa de coronavírus, que é o Covid 19. Os vírus têm essa capacidade de fazer mutação e, por isso, a gente pode se infectar mais de uma vez. Às vezes você está gripado e se imuniza para um tipo de vírus da Influenza. Mas aquele vírus pode sofrer mutação e, então, você se torna suscetível a pegar uma nova gripe. Quando a gente toma vacina de gripe, por exemplo, há um grupo de vírus para o qual você fique imune. Mas não para todos, porque não estão todos naquela vacina.
É uma doença respiratória?
É uma doença gripal, que tem uma predominância em afetar o sistema respiratório. O paciente contaminado pode apresentar desconforto respiratório, tosse, batimento de asa de nariz associado a febre.
Como diferenciar o coronavírus de uma gripe comum?
Só com perfil epidemiológico. Aliás, temos uma Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica muito atuante no Distrito Federal. Tanto que o nosso plano de contingenciamento do coronavírus foi muito elogiado pelo Ministério da Saúde, porque fizemos um plano casado da assistência à saúde com o perfil epidemiológico. Para você ter ideia, os técnicos da vigilância epidemiológica entram em contato com todos os casos suspeitos registrados no DF, verificaram a situação e o quadro de cada um. Por isso conseguimos excluir os 22 casos notificados, porque não se quadravam no perfil epidemiológico. O que temos agora são cinco casos suspeitos, mas ainda sem confirmação. Por enquanto não registramos nenhum caso aqui. Mas é importante que a população siga atenta à prevenção
Quem é suspeito de estar com o coronavírus?
Paciente com quadro gripal, que passou os últimos dias por algum dos países cujos casos identificados estão confirmados, como China, Itália e Estados Unidos, entre outros. Mas, do ponto de vista de Brasil, o primeiro caso registrado é de São Paulo, de um paciente que veio da Itália. Então, tem que ter histórico do paciente, ele precisa ter tido contato com alguém que tem um vírus, ou passado em alguma região onde o coronavírus está circulando. E, claro, a pessoa precisa apresentar o desconforto respiratório, tosse e batimento de asa de nariz associados a febre.
Há um grupo de risco para o coronavírus?
O coronavírus, na verdade, é um vírus que pode atingir qualquer pessoa, qualquer indivíduo, desde o recém-nascido ao idoso. Agora, é claro, que os mais suscetíveis e aqueles que têm um maior risco de evoluir para uma infecção mais grave são os pacientes do grupo de risco. Ou seja: idosos, diabéticos, crianças de baixo peso e desnutridas e pessoas imunodeprimidas. Já sabemos que quase todos os casos que evoluíram para mortalidade são pacientes que tinham alguma outra doença de base crônica.
Existe vacina para o coronavírus?
Não. Inclusive, o Ministério da Saúde estuda a possibilidade de antecipar a vacina da gripe neste ano. Mas é importante ficar claro que a vacina da gripe não previne o coronavírus, mas ajuda no diagnóstico diferenciado. Porque se eu atendo um paciente e eu sei que ele foi vacinado contra gripe, ele tem pelo 95% de chance de não ter uma Influenza, por exemplo. Já para o paciente que não tomou a vacina, um dos diagnósticos diferenciais é uma gripe comum, resultante dos vírus que já temos circulantes e atuantes por aí.
(Agência Brasília)