Com capacidade de funcionar como um pulmão ou coração artificial a terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO) é um procedimento de alta complexidade usado em casos graves de comprometimento respiratório ou cardíaco, após o paciente ter sido submetido a outros tratamentos que não reverteram o quadro clínico.
Embora não trate a condição que causou a insuficiência, oferece conforto ao paciente até que a equipe médica adote a melhor conduta. A técnica, que também pode ser usada em pessoas que aguardam a realização de um transplante de pulmão ou coração, atualmente está sendo utilizada em pacientes em estado muito grave de covid-19.
O humorista Paulo Gustavo foi submetido ao tratamento, por exemplo. A equipe médica afirmou ter optado pelo início da terapia com o objetivo de permitir a melhor recuperação da função pulmonar. Sem cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o tratamento custa até R$ 100 mil.
A sigla ECMO significa Extracorporeal Membrane Oxygenation ou Oxigenação por Membrana Extracorpórea. Além dela, a sigla ECLS, que significa Extracorporeal Life Support ou Suporte de Vida Extracorpóreo, também é utilizada como referência à terapia que já é adotada há muitos anos.
“Essa terapêutica é usada desde a década de 1970. No início, era muito complexa e com grandes aparelhos. Foi sendo aperfeiçoada. O aumento do uso nacional e internacional ocorreu há dez anos com o surto de H1N1. Começou a ser usada com maior frequência e, agora com a pandemia, começou a registrar maior utilização também”, explica Paulo Manuel Pêgo Fernandes, cirurgião cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, que no último ano usou a técnica em mais de 30 pacientes.
Durante a realização da técnica, o sangue do paciente circula fora do corpo, por meio de cânulas, passa pela bomba e membrana e retorna oxigenado para o corpo. A terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea é um procedimento usado em casos graves de comprometimento dos pulmões e do coração. O paciente pode ficar com o equipamento por um dia ou até mesmo por semanas ou meses.
Embora não trate a condição que causou a insuficiência pulmonar ou cardíaca, oferece conforto ao paciente. “O tratamento permite manter o paciente oxigenado em casos em que o pulmão já não é capaz de realizar a tarefa de oxigenação de maneira adequada, mesmo com o paciente intubado e recebendo oxigênio a 100%”, afirma Diego Gaia, cirurgião cardiologista do Hospital Santa Catarina.
Segundo ele, durante o período de uso da ECMO, é possível promover um “descanso” aos pulmões, que passam a receber pressões baixas e quantidades menores de oxigênio, auxiliando na recuperação do paciente em tratamento. O mesmo benefício é observado com relação ao coração.
O tratamento com ECMO não está incorporado ao SUS, o que significa que ele não está disponível na rede pública. No caso dos planos de saúde, há obrigatoriedade de cobertura quando disponível nas unidades.
(Estadão Conteúdo)