Destaque DF Um aplicativo malicioso promete dinheiro em nome da Shein para usuários que curtirem looks. O Money Looks, inclusive, vem sendo divulgado por influenciadores de moda e comportamento no Instagram como uma forma de obter renda extra, com valores de R$ 347 por dia para que as pessoas curtam roupas e indiquem à loja sua preferência por uma ou outra combinação, algo que já fazem normalmente na rede social.
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Os valores altos vêm acompanhados de uma informação bombástica, sobre uma suposta falência da Shein. Diante de problemas financeiros, a empresa estaria reduzindo sua fabricação de coleções e, por conta disso, contando com a ajuda dos usuários — e pagando por isso — para selecionar melhor quais looks serão produzidos e colocados à venda.
Para entrar no Money Looks e receber R$ 1 por curtida, entretanto, o usuário precisa pagar uma taxa de R$ 97. Na sequência, o suposto aplicativo, que na realidade é um site e roda a partir do navegador, também cobra outros R$ 47 para acesso a uma lista preferencial de looks para curtir, já que a quantidade de peças disponibilizadas na plataforma seria limitada por dia.
A denúncia foi feita pelo influenciador Guga Figueiredo e inclui imagens da fraude sendo divulgada por diferentes criadores de conteúdo. Nas imagens, dá para ver um contador de dinheiro aumentando na medida em que fotos oficiais de peças de roupa vão sendo curtidas; ao final, eles também exibem o suposto saque, com valores de cerca de R$ 400 a que teriam sido obtidos em um único dia de uso.
De acordo com Figueiredo, que listou influenciadores responsáveis pela divulgação da fraude em seu perfil no TikTok, os criadores de conteúdo também estariam recebendo pelos cadastros dos usuários. O Money Looks usaria links patrocinados, divulgados por seus parceiros, para controlar a entrada das pessoas na plataforma, supostamente dividindo parte do lucro dos cadastros pagos com eles.
Enquanto os vídeos divulgando o golpe desaparecem das redes dos responsáveis, começam a se proliferar outras denúncias relacionadas. Além disso, no Reclame Aqui, são múltiplos os relatos de usuários que pagaram para utilizar o suposto aplicativo da Shein e jamais receberam os valores prometidos.
Método já atingiu ChatGPT e outros
O formato utilizado pelos criminosos, agora aplicado à Shein, é conhecido de quem acompanha o noticiário de tecnologia. Um esquema semelhante foi usado recentemente em golpes envolvendo o Instagram, também com supostos pagamentos por curtidas, e o ChatGPT, com os usuários supostamente recebendo para engajarem com a inteligência artificial.
A dinâmica, em todos esses casos, é a mesma. A promessa de ganhos fáceis e renda extra acompanha a necessidade de pagamento para acesso a uma aplicação que não entrega os retornos desejados. Em alguns dos casos, cursos são liberados antes da abertura da plataforma para os ganhos, como forma de fazer com que a garantia de sete dias para desistência da compra pelo cliente passem antes que ele perceba ter caído em um golpe.
No caso da Shein, entretanto, a fraude assume tons um pouco mais realistas diante das notícias negativas que vêm atingindo a varejista nas últimas semanas. No Brasil, clientes têm se assustado com a cobrança de taxas altíssimas na importação de produtos, enquanto globalmente, a companhia teria sofrido uma redução em sua avaliação de mercado, com uma baixa de US$ 36 bilhões.
É por conta desta informação que, provavelmente, surgiu o golpe do Money Looks. Ao pesquisarem sobre uma suposta falência da Shein, os usuários chegam a encontrar manchetes na imprensa falando sobre a perda financeira e, também, manchetes que citam uma possível insolvência da varejista, o que dá mais sentido à argumentação por trás da fraude.
Quando contatada pela reportagem, a Shein negou ter qualquer relação com o site Money Looks, afirmando que o domínio é fraudulento e está sendo enganosa utilizado para propagar informações falsas sobre a companhia. A empresa disse ainda que está tomando as medidas cabíveis quanto ao uso indevido de seu nome e imagem e recomenda que os usuários não acessem ou realizem cadastros no serviço.
“A SHEIN esclarece que não tem relação alguma com o site fraudulento denominado “Money Looks”. Esse website está sendo enganosamente utilizado para propagar informações falsas sobre a companhia, com uso indevido do nome e imagem da empresa, com intenção de enganar usuários para que eles adquiram um aplicativo com falsa promessa de obtenção de uma renda extra por meio de avaliações de looks da marca.
A companhia adotou as medidas legais cabíveis relativas ao uso indevido de seu nome e imagem e vem promovendo medidas para inibir a propagação de informações que possam expor a empresa e seus consumidores,
A SHEIN recomenda ainda que nenhuma pessoa realize cadastros neste site, a fim de evitar o uso indevido de seus nomes, informações pessoais e dados bancários.
Adicionalmente, a empresa ressalta que informações sobre os produtos, ações e campanhas da marca podem ser encontrados e são sempre divulgados nos seus canais oficiais, nas redes sociais e no site.”
O Canaltech também tentou falar com a Perfect Pay, intermediadora de pagamentos usada pelo Money Looks, mas também não recebeu resposta até o fechamento. O contato aconteceu pelo Instagram, já que a assessoria de imprensa da companhia não pôde ser localizada.
Como evitar golpes com aplicativos
Para se proteger, os usuários devem sempre desconfiar de promessas de altos ganhos e lucro garantido. Propostas que envolvam o recebimento de dinheiro para assistir a vídeos na Netflix, curtir imagens em redes sociais ou conversar com inteligências artificiais, entre outras atividades corriqueiras, não costumam ser monetizadas e as empresas responsáveis dificilmente pagarão por isso.
Outro sinal de alerta é a exigência de pagamento para acesso aos aplicativos, sempre acompanhados de uma ideia de que o uso é limitado e funciona somente através de convites. Trata-se de uma forma de ludibriar os usuários passando uma aparência de exclusividade, de forma que ele atue rapidamente e não preste atenção nos detalhes.
Caso tenha sido vítima de uma fraude desse tipo, o ideal é entrar em contato com a intermediadora de pagamentos para solicitar o reembolso, caso os sete dias desde a compra ainda não tenham passado. Caso o prazo já tenha passado ou os valores tenham sido enviados via Pix ou boleto, entretanto, o reembolso fica mais difícil, já que a vítima passa a depender da boa vontade dos operadores da fraude.
Fonte: Guga Figueiredo (TikTok)
