Pesquisadores da Albert Einstein College of Medicine nos Estados Unidos desenvolveram uma droga experimental que reverte os principais sintomas da doença de Alzheimer em camundongos.
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Publicado na revista científica Cell, o estudo mostra que o medicamento é como um “mecanismo de limpeza” celular, que elimina, digere e recicla proteínas indesejadas.
“As descobertas em camundongos nem sempre se traduzem em humanos, especialmente na doença de Alzheimer”, disse Ana Maria Cuervo, coautora do estudo e codiretora do Instituto de Pesquisa do Envelhecimento do Einstein. “Mas fomos encorajados a descobrir em nosso estudo que a queda na limpeza celular que contribui para a doença de Alzheimer em camundongos também ocorre em pessoas com a doença, sugerindo que nosso medicamento também pode funcionar em humanos.”
Conhecido como autofagia mediada por chaperonas (CMA, na sigla em inglês), o processo de limpeza de células perde sua eficácia na medida que as pessoas envelhecem, consequentemente aumentando o risco de que proteínas indesejadas se acumulem e danifiquem as células. O Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas são caracterizadas pela proteína em agregados tóxicos no cérebro.
Para seu estudo, a equipe de cientistas criou geneticamente um camundongo para ter neurônios cerebrais sem CMA. Só a ausência dele em um tipo de célula cerebral foi capaz de causar perda de memória de curto prazo, dificuldade de locomoção e prejudicou a proteostase, capacidade das células de regular proteínas dentro delas. De acordo com o artigo, as proteínas normalmente solúveis se tornaram insolúveis e “em risco de aglomeração em agregados tóxicos”.
“No momento em que as pessoas atingem a idade de 70 ou 80 anos, a atividade do CMA geralmente diminui cerca de 30% em comparação com quando eram mais jovens”, explica Cuervo. “O cérebro da maioria das pessoas pode compensar esse declínio, mas se você adicionar doenças neurodegenerativas à mistura, o efeito sobre a composição proteica normal dos neurônios cerebrais pode ser devastador.”
Portanto, a equipe desenvolveu um novo medicamento que revitaliza a eficiência do CMA ao aumentar os níveis de um componente chave dele, chamado de LAMP2A.
“Você produz a mesma quantidade de receptores LAMP2A ao longo da vida, mas esses receptores se deterioram mais rapidamente com a idade, então as pessoas mais velhas tendem a ter menos deles disponíveis. A droga restaura o LAMP2A para níveis juvenis, permitindo que o CMA se livre de proteínas defeituosas para que não possam formar esses aglomerados de proteínas tóxicas”, conta Cuervo.
Nos testes em camundongos, as doses orais administradas ao longo de 4 a 6 meses levaram a melhorias na memória, depressão e ansiedade, além de melhorar a capacidade de locomoção em animais que apresentaram essa dificuldade. Em seus neurônios cerebrais, a droga reduziu significativamente os níveis de aglomerados de proteínas tóxicas, em comparação com animais não tratados.
Cuervo acredita que, como os animais já apresentavam sintomas da doença, a droga pode ajudar a preservar a função dos neurônios “mesmo nos estágios mais avançados da doença”.
(Portal Exame)