Morando nos Estados Unidos há oito anos, a publicitária e vendedora brasiliense Carolina Fenner, 36 anos, virou notícia internacional ao procurar ajuda para a filha Luna, 7 meses, que nasceu com uma grande mancha no rosto. A condição, chamada Nevos Melanocítico Congênito, é rara – acomete uma criança a cada 20 mil – e, além de ser um problema futuro por causa de bullying e isolamento social, pode evoluir e se tornar um câncer.
A doença, que acontece quando a pele produz quantidade anormal de melanina, pode evoluir e se tornar um melanoma. No caso de Luna, a mancha cobre mais de 70% do rosto, a condição é considerada do tipo gigante.
“Fiz um ultrassom 4D um mês antes de ela nascer e estava tudo normal. No dia do nascimento, fiquei 48 horas em trabalho de parto e estava exausta, não recebi a notícia muito bem. Ninguém sabia o que era. Levaram minha filha para a UTI, me falaram que podia ser um câncer, foi bastante traumatizante”, conta Carolina, em entrevista.
Luna e Carolina ficaram internadas por uma semana (a mãe teve complicações devido a diabetes). Só no sexto dia de vida da bebê é que foi feita uma ressonância magnética, que deu resultado negativo para câncer. “Descobri o Nevos pela internet”, lembra Carolina.
À procura de um médico para a filha, a brasiliense esteve em Chicago, Boston (onde um especialista prometeu retirar a mancha ao longo de 12 anos, com laser) e em Nova York: o último médico sugeriu um tratamento de quatro anos. Carolina voltou para a Flórida, onde mora, para brigar com o plano de saúde. “Falaram que a cirurgia era estética e não seria aprovada fora do estado. No particular, a conta do médico seria superior a US$ 400 mil e não temos esse dinheiro. Até conversei com advogados, mas me disseram que o processo seria moroso e eu não tinha esse tempo”, conta.
Carolina e o marido, Thiago, decidiram parar e respirar antes de tomar qualquer decisão. No dia seguinte, um médico da Rússia entrou em contato. Tinha visto o caso em um jornal e se ofereceu para ajudar. Ele afirmou ter uma máquina de terapia fotodinâmica que retiraria o Nevos em poucas sessões, o tratamento inteiro duraria um ano e meio ao custo de US$ 150 mil. “Fiquei meio reticente, mas ele me mandou uma foto do ‘antes e depois’ de um caso parecido com o dela e fui convencida. Falei com vários médicos e decidimos vir para a Rússia, todo mundo ficou em choque”, diz a mãe.
Luna e Carolina chegaram na Rússia em 25 de setembro, e a pequena já passou pelo primeiro procedimento, para tirar o Nevos da testa. A menina está com um curativo que deve ser retirado nas próximas semanas e passará por uma raspagem estética no local antes de prosseguir com o tratamento. “Ela reagiu superbem, conversei com várias mães que fizeram o tratamento convencional e o pós-operatório é terrível, mas ela está ótima. Está sendo uma bênção. Não sei se ela é um ser evoluído, mas a pele está em carne viva atrás do curativo e ela dando risada”, conta.
Porém, o caminho a ser trilhado ainda é longo. O médico está feliz com a evolução do processo, mas encontrou três pontos de Nevos no corpo de Luna que parecem ser cânceres e, por isso, se tornaram prioridade. Ela deve passar por um procedimento para retirá-los na próxima semana. Carolina e o marido seguem tentando levantar fundos para custear o tratamento: eles tentam juntar R$ 295 mil por meio da vakinha virtual. O cotidiano de Luna pode ser acompanhado pelo Instagram da família.
(Metrópoles)