• 22/11/2024

PT corre para destravar PEC na Câmara, em meio a impasses e orçamento secreto

PT corre contra o tempo para destravar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição na Câmara. Deputados do partido dizem que a votação deve ocorrer ainda nesta quinta-feira, 15, mas ainda há impasses que podem adiar a análise no plenário para a semana que vem, a última antes do Natal. Além do desconforto de parlamentares com o voto da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, pela inconstitucionalidade do orçamento secreto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenta obter do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva um ministério “de entregas”.

Veja também

FGTS poderá ser usado para quitar até seis prestações da casa própria

Aliados do governo eleito e o relator da PEC na Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), fazem uma “força-tarefa” para conseguir votos para aprovar a proposta ainda nesta quinta no plenário. Depois de um dia inteiro de reuniões na quarta, os impasses persistiram.

Lideranças do Centrão calculam que o PT tem no máximo 240 votos. Para se aprovar uma mudança constitucional, é necessário o apoio de pelo menos 308 deputados. O Republicanos, que tem uma bancada de 43 parlamentares, por exemplo, só aceita votar a favor da proposta se houver mudanças.

Leia também   Casos da variante Delta crescem 84% em uma semana no Brasil

O texto aprovado no Senado prevê uma ampliação de R$ 145 bilhões no teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação – por dois anos. Além disso, retira do teto R$ 23 bilhões em receitas extraordinárias que seriam destinadas a investimentos. O Republicanos e o PL, legendas que integraram a base do governo Bolsonaro, querem reduzir o prazo para um ano e o valor para R$ 80 bilhões. Uma liderança do Centrão disse à reportagem que uma licença de dois anos para gastar nunca foi dada a governo nenhum.

A dificuldade de se resolver o impasse, contudo, passa pela falta de definição de Lula sobre a composição da Esplanada. Desde que a PEC foi aprovada com ampla maioria no Senado, deputados desconfiam que o petista fechou acordos para ministérios com os senadores antes de avançar no assunto com a Câmara. Lira já avisou que quer um ministério “de entregas”.

Como mostrou na quarta-feira o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente da Câmara pediu a Lula o comando do Ministério da Saúde, mas o PT resiste em entregar a pasta ao Centrão. Uma das possibilidades é que Elmar Nascimento, relator da PEC e um dos principais aliados de Lira, assuma uma das pastas que vão surgir da divisão do Desenvolvimento Regional, com o controle da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Leia também   Covid-19: mortes no Brasil sobem para 34 e casos confirmados são 1.891

Na noite de quarta, Elmar afirmou que manterá o texto do Senado em seu relatório, mas que mudanças na PEC podem vir por meio de destaques, tentativas de alterar uma proposta após a aprovação do texto-base. Por outro lado, o deputado José Guimarães (PT-CE) que deve assumir o posto de líder do governo Lula na Câmara no ano que vem, disse que a votação da PEC será concluída na sexta e que o “esforço máximo” é para manter o texto dos senadores, sem a aprovação de destaques.

Orçamento secreto

Nesta quinta, o plenário do Congresso deve analisar o projeto de resolução, relatado pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), que altera a distribuição do orçamento secreto. O texto prevê que 80% das emendas de relator-geral sejam distribuídas de forma proporcional aos partidos com base no tamanho das bancadas, 7,5% às Mesas Diretoras de cada uma das Casas, e 5% à Comissão Mista de Orçamento, além de determinar que 50% das emendas sejam destinadas à Saúde.

Leia também   Aeroportos e rodoviárias esperam movimento intenso durante a Páscoa

Na quarta, Rosa Weber, relatora de ações que contestam a execução do orçamento secreto, votou pela inconstitucionalidade do esquema no STF. No entendimento da ministra, a utilização de emendas de relator subverte o regramento constitucional do orçamento. “Trata-se de verdadeiro regime de exceção ao orçamento da União”, destacou.

Como mostrou o Broadcast Político, após o voto de Rosa, Lira voltou a considerar a inclusão da constitucionalidade do orçamento na PEC da transição. Embora deputados esperem que a votação do projeto de resolução possa “sensibilizar” outros ministros do STF a não acompanharem a relatora em seus votos, acham que essa possibilidade é difícil, por avaliarem que eles não bateriam de frente com a presidente da Corte. Por isso, já prepararam o caminho para a RP9 entrar na PEC e se tornar um termo constitucional incontestável.

(Estadão Conteúdo)

 

Read Previous

Governo libera crédito de R$ 7,5 bilhões para Previdência Social

Read Next

Mais de 100 terrenos serão licitados no dia 27