Os últimos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam que o desmatamento na Amazônia brasileira cresceu 13,7% em 2018. Desde 2004, o instituto monitora a região e o avanço do homem sobre a mata vinha diminuindo, mas ano passado voltou a preocupar ambientalistas e pesquisadores.
Entre as principais causas apontadas para esse crescimento do desmatamento estão a abertura de estradas e hidrovias. Essas duas ações geram perdas na vegetação nativa. Na região ainda há a construção de um ferrovia com 933 km de extensão que ligará o Mato Grosso ao Pará.
De acordo com o portal Amazônia na Encruzilhada, a região precisa de um plano internacional de conservação, uma vez que a floresta ultrapassa o território brasileiro. O site levanta a bandeira de se criar uma política de proteção que atenda toda a extensão da região.
“A Amazônia não é do Brasil, da Colômbia, do Peru ou do Equador. É um grande sistema interligado, mas até hoje não existe um plano internacional de conservação ambiental da região”, destaca Gustavo Faleiros, responsável pelo portal.
Algumas organizações internacionais vem ao longo dos últimos anos destinando recursos para que a região seja protegida, porém o desmatamento tem levado os doadores a deixar de contribuir para a causa. É o que alerta o consultor em gestão ambiental, Cristiano Monteiro.
“O desmatamento tem avançado em várias regiões do país, mais preocupa bastante principalmente na Amazônia colocando em risco até os fundos de doações e recursos internacionais”, ressalta Cristiano.
Outro bioma ameaçado pelo homem no Brasil é o Cerrado. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas comunidades sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.
Atualmente, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas já não são mais encontradas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana.
Cristiano Monteiro avalia que está na hora do Cerrado receber uma atenção maior por parte do ser humano, principalmente no quesito desmatamento. “No Cerrado, que é berço das principais bacias hidrográficas no país, o avanço do homem também não é diferente. Já perdemos mais de 50% de sua extensão original colocando em risco toda sua rica biodiversidade”, aponta o ambientalista.
A redução da área verde no Brasil vem diminuindo as chuvas a cada ano que passa. Na região Nordeste, mais de 60% dos reservatórios estão sob ameaça. O reservatório de Sobradinho, que é abastecido pelo Rio São Francisco, registra volume de 48,57%. Ele é o responsável por abastecer parte de Minas Gerais e os Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe. O “Velho Chico” gera boa parte da energia elétrica que ilumina o país.
Portanto, pouco temos a comemorar na dita semana do meio ambiente.
(Expressão Brasiliense)