O Brasil abriu 394.989 vagas formais de trabalho em outubro, melhor resultado mensal da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992, num desempenho atribuído pelo Ministério da Economia à força da retomada econômica, mas fortemente amparado por programa de manutenção de empregos que já consumiu mais de 30 bilhões de reais da União.
O dado veio bem melhor que a criação líquida de 233.500 postos projetada por analistas em pesquisa Reuters, e levou o acumulado dos dez primeiros meses do ano a uma perda líquida de 171.139 vagas.
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, é possível inclusive que o país chegue ao final de 2020 sem perda de empregos formais, mesmo em meio à gravidade da crise desencadeada pelo coronavírus e que deverá levar o Brasil a sua maior retração econômica já registrada.
“Se terminarmos o ano com zero de perda de empregos no mercado formal, terá sido um ano histórico para a economia brasileira”, disse o ministro.
Em coletiva de imprensa, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, reconheceu que o mês de dezembro é tradicionalmente marcado por fechamento expressivo de vagas formais de trabalho, mas ressaltou que o benefício concedido pelo governo para preservação de empregos continuará vigente, o que pode afetar positivamente o resultado do mês.
De acordo com Bianco, isso dá sustentação à “grande chance de número neutro (no acumulado) até o fim do ano”.
O secretário do Trabalho, Bruno Dalcolmo, ressaltou que a expectativa é que o programa continue contribuindo para manter os postos “muito após dezembro”, já que sua única exigência é que o trabalhador tenha garantia provisória no emprego pelo mesmo tempo que teve seu contrato suspenso ou reduzido.
DETALHAMENTO DO MÊS
Outubro foi o quarto mês consecutivo de criação de postos formais, após perdas registradas de março a junho e concentradas principalmente no mês de abril, quando houve encerramento de 942.774 vagas.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em outubro, indicam que a taxa de desemprego no país, que abarca também o trabalho informal, alcançou recorde de 14,4% nos três meses até agosto.
De acordo com o ministério, dos cinco grupos de atividades econômicas, quatro tiveram performance positiva no Caged em outubro, com destaque para serviços, com abertura de 156.766 novas vagas.
Aparecem em seguida os setores do comércio (+115.647), indústria (+86.426) e construção (+36.296). Na agricultura, foram perdidos 120 postos no período.
Os dados do Caged têm sido ajudados pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite redução temporária de salário e jornada ou a suspensão do contrato de trabalho, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores.
Ao lançá-lo, o governo buscou evitar demissões em massa com a paralisação da economia por conta das medidas de distanciamento social. Diante dos resultados obtidos, o governo acabou renovando sucessivamente sua extensão até prorrogá-lo a 31 de dezembro.
Esse benefício, batizado de BEM, corresponde a uma parte do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito em caso de demissão. Hoje, o seguro desemprego varia de um salário mínimo (1.045 reais) a 1.813,03 reais.
Em site sobre a iniciativa, o governo informa que o BEM permitiu mais de 19,7 milhões de acordos entre empregados e empregadores no Brasil até agora, contemplando 9,8 milhões de trabalhadores.
Até agora, o governo já gastou 30,7 bilhões de reais com o programa, sendo que seu orçamento total é de 51,6 bilhões de reais.
(Reuters)