Nova pesquisa indica que o acúmulo de ácido metimalônico no organismo facilita a disseminação de células cancerígenas
Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Nature, indica que o ácido metimalônico – MMA – é capaz de se acumular no sangue de indivíduos conforme os anos, e, sendo assim, capaz de aumentar a chance de tumores cancerígenos em pessoas mais velhas.
Produzido em pequena quanidade nas células humanas, o MMA é uma consequência da digestão de proteínas e gorduras. Diferentemente dos demais agentes cancerígenos, esse é produzido pelo próprio orgnaismo humano e, portanto, pode se acumular com mais facilidade e passar despercebido.
Comumente, o MMA passa por reações químicas para ser metabolizado pelo corpo humano. Quando o corpo falha em realizar a metabolização, ele acaba se acumulando de forma tóxica na corrente sanguínea e gera problemas como acidemia metilmalônica (AMM) ou falta de vitamina B12.
Entre os pacientes analisados, os cientistas perceberam que os níveis de MMA são mais altos em indivíduos saudáveis com mais de 60 anos do que em indivíduos saudáveis com idade menor a 30 anos. Embora os pacientes não tenham sofrido problemas de saúde pelo MMA, os cientistas descobriram que as células viraram células cancerígenas metastáticas – o que significa que podem se espalhar com mais facilidade.
Além disso, a existência de várias estruturas lipídicas no organismo também contribuiu para o aumento das características metastáticas nas células – e apenas a sua remoção impediu que o MMA se espalhasse ainda mais. Ana P. Gomes, a pesquisadora líder do projeto, e seus colegas examinaram formas de bloquear a ação do MMA no corpo humano.
Eles descobriram que o fator de transcrição SOX4 conseguiu bloquear a resposta das células cancerígenas, impedindo a progressão da doença. E, de forma indireta – e ainda sem explicação científica -, o MMA também contribui para o aumento da expressão do gene SOX4, que acaba conseguindo alterar o destino das células cancerígenas.
Os pesquisadores também descobriram que os níveis de colesterol por lipídios tendem a aumentar entre a puberdade e os 50 anos de idade, Sendo assim, é possível que os lipídios armazenados impulsionem, ainda mais, o aumento dos níveis de MMA no sangue, além de ajudar as moléculas a atravessarem as membranas celulares.
Os participantes do estudo, porém, não foram identificados com nenhum tipo de câncer, o que implica que o MMA contribui apenas para a disseminação da doença – e não sua formação inicial. No entanto, é possível que estudos futuros demonstrem que o MMA tem, sim, papel no desenvolvimento da doença. Também é possível que as moléculas sofram mutações genéticas, o que leva Gomes e sua equipe a não descartarem a possibilidade.
Embora não conclusivo, o estudo contribuiu para identificar mais um fator de risco do câncer e entender o real papel do metabolismo na progressão do câncer em pessoas idosas.
(Portal Exame)