• 22/11/2024

Diversão em tempos de covid-19: teatro infantil em estádio cheio de carros

O ingresso já indica as regras e protocolos seguidos para a prevenção do coronavírus: aferição de temperatura no acesso e obrigatoriedade de ficar dentro do carro durante toda a peça de teatro no estilo drive-in. A saída só é permitida, naturalmente, para idas ao banheiro. Os vidros podem ficar abertos.

O evento é uma peça com o elenco original de personagens conhecidos pelo público infantil, os Detetives do Prédio Azul. Seria algo tradicional, não fosse o local: o Allianz Parque, estádio de futebol localizado na zona oeste de São Paulo. O estádio vem promovendo shows e até TEDx no formato drive-in em seu “Arena Sessions”.

Cada carro pode comportar até quatro pessoas (o ingresso é por carro, e foram vendidos por cerca de R$ 250), e cada vaga tem de ficar a dois metros de distância dos outros veículos participantes do evento. Em cada vaga há duas caixas de som posicionadas em cada lado das janelas do veículo, e barras dividem as vagas.

Ao lado também fica o QR Code em parceria com o iFood, utilizado para realizar pedidos de refeições e bebidas durante o evento. O pedido, feito por um parceiro do evento, que tem no menu lanches vendidos a preços mais altos, como em qualquer show, vem rápido e é entregue por um colaborador da plataforma, como se fosse um delivery comum. Na hora de pedir pelo app, o número da vaga aparece automaticamente.

Leia também   Vacina chinesa é segura e eficaz, aponta resultado publicado na The Lancet

Além do palco, que só pode ser visto com nitidez por duas fileiras de carros, o evento é transmitido por dois telões: um maior e colocado logo acima do palco, com visão melhor no setor premium, e outro menor, posicionado no teto da arena, usado para os setores mais afastados e econômicos. Se você não der o azar de ter um carro grande na sua frente, é possível ver todo o palco.

E se chover? O palco fica em uma área coberta. Para o público, basta fechar os vidros e ouvir pelo áudio do carro, liberado por rádio-frequencia. A rádio é informada durante o evento.

Algumas luzes posicionadas nas arquibancadas e abaixo da transmissão ajudam a provocar mais efeito e interações com o público. Na tela, também aparecem, de tempos em tempos, algumas interações eletrônicas. Mas poucas, para não virar cinema ou show: ainda estamos falando de teatro. O cenário é trocado por ao menos três vezes na peça de cerca de uma hora.

Leia também   Veja quem pode sacar a 1ª parcela do auxílio emergencial nesta segunda

Mas ares de musical são necessários para engajar a platéia distante, principalmente nas diversas músicas tocadas e cantadas pelos personagens. A interação pedida? A única possível: buzinem! O barulho é ensurdecedor, mas as crianças parecem gostar.

Todos os atores usam uma máscara de acrílico durante todo o espetáculo. Quando passam objetos para o outro, utilizam um spray para desinfetá-los, da forma mais espontânea que conseguem. Também seguem, sempre que possível, um distanciamento claro no palco. A tradicional junção de mãos dos amigos detetives é apenas simulada: cada um fica no seu quadrado.

Os sete personagens que dividem o palco, além da equipe técnica, realizam o teste do vírus antes e depois de cada apresentação.

Para crianças mais agitadas, o espaço no carro não é tão ruim como o de um assento de teatro, e é possível acompanhar a peça até com o banco deitado.

Uma coisa é certa: com carros, a organização de acesso e saída do evento é fácilitada. Não há filas ou esperas. Basta seguir o fluxo.

Surge a dúvida: com toda essa organização, é possível se divertir? Diante do panorama de ficar com crianças pequenas em casas por meses, os pais estão tentando.

Leia também   Corrente de solidariedade em prol da cura de Kyara versos Estado que não quer contribuir

Em São Paulo, os ingressos se esgotaram e o evento teve de abrir sessões extras, também esgotadas. Foram duas sessões às 14h e às 17h30 no dia 18 de julho, e mais três extras neste sábado, dia 25, às 14h, 17h30 e 21h.

A produção da peça em São Paulo foi pega no contrapé: era para o evento ter sido encenado no teatro Procópio Ferreira em março, mas foi atropelado pela pandemia. Quem já tinha comprado ingressos para a temporada pode trocá-los. Por enquanto, a atividade do teatro continua suspensa na cidade.

Agora, o evento, que tem apoio do Ministério da Cidadania e é patrocinado pela Brasilprev, será encenado em Curitiba e Porto Alegre em setembro. Nessas cidades, será apresentado em um auditório e em um teatro, respectivamente.

Apesar de todas as dificuldades e peculiaridades de um evento como esse, a atriz Claudia Netto, que faz a personagem Dona Leocádia, encerrou a peça drive-in dizendo que até se emociona de poder continuar a atuar nesses tempos. “O teatro resiste”, concluiu.

(Portal Exame)

Read Previous

Com aumento do fluxo de veículos, atenção ao trânsito é redobrada

Read Next

Caiado investe mais de R$ 133 milhões em obras estruturantes nas rodovias goianas