O número de vacinas sendo desenvolvidas contra o novo coronavírus cresceu mais ainda nos últimos dias, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio deste ano, eram 99 possíveis candidatas; em 9 de julho, eram 158 em desenvolvimento e outras 21 em fases de testes clínicos. O último relatório da OMS, no entanto, aponta um crescimento ainda maior do que o visto anteriormente. Agora são 166 vacinas sendo desenvolvidas, 24 em fases de testes e 5 já na fase 3, a mais avançada para a distribuição de uma proteção.
Nesta segunda-feira (20), a Universidade de Oxford e a AstraZeneca publicaram os primeiros resultados das fases 1 e 2 de sua vacina na revista científica The Lancet. Segundo a publicação, a proteção da universidade britânica foi capaz de induzir uma resposta imune contra o vírus nas pessoas e se mostrou segura, com poucos efeitos colaterais, como dor de cabeça e dores musculares, facilmente tratados com paracetamol.
Os pesquisadores acreditam que uma vacina ideal contra o vírus deve ser efetiva após uma ou duas doses, trabalhar em grupos de risco, como adultos e pessoas com condições pré-existentes, garantir uma proteção de, no mínimo, seis meses e reduzir a infecção pelo SARS-CoV-2. O estudo ainda é muito preliminar para saber se a vacina preenche todos os requisitos, mas as fases dois (que ainda estão ocorrendo no Reino Unido) e três de testes (acontecendo no Reino Unido, Brasil e África do Sul) devem garantir a eficácia completa dela.
No mesmo dia, a vacina chinesa Instituto de Biotecnologia de Pequim com a CanSino Biologics também demonstrou bons resultados e foi capaz de criar uma resposte imunológica nos voluntários que receberam doses de sua proteção. Dos 508 participantes, 253 receberam uma dose alta da vacina, 129 uma dose menor e 126 receberam placebo. A maioria tinha entre 18 e 44 anos, 26% tinham entre 44 e 54 e 13% eram mais velhos do que 55 anos. Os pesquisadores afirmam que nenhum efeito colateral foi considerado grave.
Ambas as vacinas estão, agora, na fase 3 de testes. Outras que também estão na última fase são a do Instituto de Wuhan, a americana Moderna e a chinesa Sinovac, que está sendo testada no Brasil em uma parceria com o Instituto Butantan e o governo de São Paulo.
Apesar de a vacina de Oxford e a do Instituto de Pequim terem funcionado em testes preliminares, sua eficácia contra o vírus não foi comprovada e o caminho a ser seguido ainda é longo. Ainda resta uma etapa importante e crucial para que seja declarado o fim da pandemia.
Além do problema da produção e da distribuição de tais vacinas, elas ainda precisam se mostrar eficazes para gerar uma resposta imunológica protetora contra a infecção do novo coronavírus no corpo humano.
Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidos. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina contra o novo coronavírus.
Quais são os tipos de vacina contra a covid-19?
Alguns tipos de vacinas têm sido testados para a luta contra o vírus. Uma delas é a de vírus inativado, que consiste em uma fabricação menos forte em termos de resposta imunológica, uma vez que nosso sistema imune responde melhor ao vírus ativo. Por isso, vacinas do tipo tem um tempo de duração um pouco menor do que o restante e, geralmente, uma pessoa que recebe essa proteção precisa de outras doses para se tornar realmente imune às doenças. É o caso da Vacina Tríplice (DPT), contra difteria, coqueluche e tétano. A vacina da Sinovac, por exemplo, segue esse padrão.
Outro tipo de vacina é a de Oxford, feita com base em adenovírus de chimpanzés (grupo de vírus que causam problemas respiratórios), e contendo espículas do novo coronavírus.
As outras vacinas em fases clínicas já avançadas também são baseadas em espículas, mas apresentadas em forma de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna.
Mas como funcionam as fases de uma vacina?
Fase 1: é a fase inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de suas vacinas em seres humanos
Fase 2: é a fase que tenta estabelecer que a vacina produz sim imunidade contra um vírus
Fase 3: última fase do estudo, tenta demonstrar a eficácia da vacina. Para que uma vacina seja finalmente disponibilizada para a população, é necessário que essa fase seja finalizada e que a proteção receba um registo sanitário
Fase 4: a vacina é, por fim, disponibilizada para a população.
A corrida pela cura
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.