• 09/11/2025

Setor farmacêutico reage a relator de projeto que propõe piso nacional de R$ 6,5 mil para farmacêuticos

O relator do projeto de lei que institui o piso salarial nacional dos farmacêuticos, deputado federal Luiz Gastão (PSD-CE), enfrenta forte reação do setor varejista farmacêutico após apresentar parecer favorável a um valor de R$ 6,5 mil. A decisão, considerada uma “traição” por lideranças empresariais, contrariou compromissos firmados previamente com representantes das entidades patronais do país.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Distrito Federal (Sincofarma-DF), Erivan de Souza Araújo, manifestou publicamente seu repúdio à postura do deputado. Segundo ele, o relatório vai na contramão do que foi discutido com o setor e pode provocar impactos severos sobre pequenas e médias farmácias.

“Levamos dados e argumentos ao Congresso mostrando que um piso nacional desse porte é insustentável. O deputado Gastão sempre se mostrou sensível à realidade das pequenas empresas e defendia a negociação coletiva como forma de definir pisos regionais. Para nossa surpresa, ele fez um relatório totalmente diferente daquilo que havia nos prometido. Ele traiu o varejo farma do Brasil, especialmente o do Ceará”, afirmou Erivan.

Impacto nas pequenas farmácias

De acordo com o dirigente, o valor proposto pode causar demissões em massa, fechamento de farmácias e até colapso no setor farmacêutico, já que as margens de lucro são reduzidas e os custos fixos estão em alta.

“No Distrito Federal, o farmacêutico ganha em média R$ 3,5 mil, e não há piso vigente desde 2017. Um salto para R$ 6,5 mil é simplesmente inviável”, reforçou o presidente do Sincofarma-DF.

Erivan lembrou que 70% das farmácias têm seus preços de medicamentos controlados pelo governo, o que limita a capacidade de repassar custos salariais. “As farmácias independentes, que representam mais de 82% do total, têm lucro líquido médio de pouco mais de R$ 4 mil por mês. Com esse piso, muitas não conseguirão sobreviver”, alertou.

Defesa da negociação coletiva

O Sincofarma-DF defende que a definição de pisos salariais deve ocorrer por negociação coletiva entre sindicatos laborais e patronais, respeitando as diferenças regionais e a realidade econômica de cada estado.

Erivan conclamou ainda as entidades representativas do setor a se unirem contra o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional.

“Não somos contra a valorização dos farmacêuticos, mas contra medidas que ignoram a realidade do mercado e colocam em risco milhares de postos de trabalho”, finalizou.

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