• 22/11/2024

Carro vermelho era emprestado para maníaco pelo irmão

O depoimento do irmão de Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, cozinheiro desempregado e assassino confesso de Letícia Sousa Curado, 26, e Genir Pereira de Sousa, 47, comprovou uma informação que pode ligar o criminoso a outras vítimas. Conforme apuração o homem, que não teve o nome divulgado e foi ouvido pela polícia nessa sexta-feira (30/08/2019), disse ter emprestado com frequência a Marinésio um Pálio vermelho. Pontuou ainda que o acusado dirigia também um Gol preto.

Pelo menos duas supostas vítimas do maníaco disseram à polícia que teriam sido atacadas por Marinésio quando ele conduzia um carro vermelho. Entre elas, uma adolescente de 17 anos.

Em depoimento, a jovem contou ter sido estuprada pelo cozinheiro em abril deste ano. “Peguei o ônibus para ir ao Itapuã. Quando desci na parada, ele passou. Ficou me olhando e me abordou com uma faca. Disse que se eu não entrasse no carro ele ia me matar. Me levou para a região dos pinheiros e me estuprou. Depois, pegou meu pescoço, me jogou para fora e disse que eu era um lixo”, contou a garota, que esteve na delegacia acompanhada da mãe.

A menina, entretanto, relatou que o maníaco não dirigia a caminhonete Blazer prata, veículo que acabou ajudando a desvendar as mortes de Letícia e Genir. “Ele estava em um carro diferente, vermelho. Ela tava segura que o homem tinha uma mancha no rosto”, disse a mãe. “Ela tem certeza absoluta de que é ele. Reconheceu pela reportagem. Quando o viu, começou a tremer e gritar que era ele”, frisou.

Uma moradora do Paranoá de 42 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, também esteve na delegacia e relatou que chegou a tentar suicídio duas vezes devido ao trauma causado pela violência sofrida: foi estuprada e espancada. A vítima parou de trabalhar e fez acompanhamento psiquiátrico. Hoje, tem depressão e síndrome do pânico.

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O caso ocorreu em 2017. Naquele ano, Marinésio teria ameaçado a mulher de morte após ela tentar escapar do veículo dele. Aos investigadores, a vítima garantiu que o maníaco estava em um carro vermelho – diferente da Blazer prata usada na morte de Letícia.

“Eu estava na parada quando ele encostou o carro vermelho, desceu, colocou uma faca no meu rosto e me mandou entrar, sem gritar. Fiquei apavorada e disse que, se ele quisesse minha bolsa, poderia levar. Mas implorei que não me matasse”, contou.

O suspeito dirigiu até uma área de mata onde fica um grande pinheiral na região administrativa. Foi quando, segundo a vítima relatou aos policias civis, ela teria sido violentada e agredida.

“Ele pegou no meu pescoço e falou que se eu não ficasse quieta, ia morrer naquele momento. Mandou eu fazer o que ele queria, se não me mataria. Entre a minha vida e fazer o que ele queria fazer, preferi minha vida”, narrou aos investigadores. Marinésio fez mais ameaças: “Disse que ia matar porque eu tinha visto bem o rosto dele. Ele falou que quem via o rosto dele morria”, revela a denunciante.

Uma terceira mulher que esteve na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) também citou um carro vermelho.

Marinésio será levado para a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) nos próximos dias. A data exata, contudo, ainda será definida. Mulheres que procuraram a unidade para denunciar o maníaco farão o reconhecimento do homem. Além de matar Letícia e Genir, o cozinheiro admitiu ter assediado pelo menos 10 mulheres. Entretanto, negou ter matado ou estuprado outras pessoas.

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A polícia organizará um esquema de segurança, possivelmente com o apoio de homens da Divisão de Operações Especiais (DOE). O objetivo é evitar que o clamor da população por justiça se transforme em uma tentativa de agressão a Marinésio. Uma mulher que procurou as autoridades recentemente, para denunciar que teria sido atacada pelo maníaco, também será ouvida na delegacia e participará do reconhecimento. Ela supostamente foi atacada na região do Paranoá.

Os investigadores querem evitar que casos de desaparecimento ou de estupro cometidos por outros suspeitos sejam direcionados a Marinésio. “É natural que, com a grande repercussão, ocorrências sem elucidação comecem a ser revistas. No entanto, o trabalho precisa ser feito com muito cuidado, para que a autoria seja apontada com exatidão”, explicou uma fonte policial ouvida pela reportagem e que pediu para ter o nome preservado.

Nos últimos dias, Marinésio revelou aos investigadores detalhes da rotina que levava em Planaltina antes de ser preso no último domingo (25/08/2019). Afirmou que tinha o hábito de pegar o carro nos dias de folga e circular pela cidade, atrás de mulheres. Contou ainda que costumava abordar as que estavam sozinhas em paradas de ônibus.

Na versão dada aos policiais, ele ressaltou que oferecia carona para a Rodoviária do Plano Piloto e, no trajeto, assediava as vítimas. Pelas contas do maníaco, seriam pelo menos 10. Entretanto, negou estar envolvido em outras mortes, além das de Letícia e Genir, ou estupros.

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Mais depoimentos

Nessa quinta-feira (29/08/2019), Marinésio prestou depoimento por cerca de nove horas na Divisão de Repressão a Sequestros (DRS). A especializada apura o desaparecimento da empregada doméstica Gisvênia Pereira dos Santos, 33. O maníaco negou envolvimento no caso e disse não conhecer a moradora do condomínio Nova Colina, em Sobradinho. No entanto, informações complementares prestadas por ele serão alvo de novas diligências.

Gisvênia foi vista pela última vez em 6 de outubro de 2018, em um posto de combustíveis da BR-020. Desde então, o caso tem sido tratado com prioridade pela DRS. Outros possíveis suspeitos já foram interrogados. Os detalhes da investigação, no entanto, não podem ser revelados, pois o inquérito segue em sigilo.

A polícia apura também a participação de Marinésio em outros ataques. Os crimes variam entre assédio, sequestro, estupro e homicídio. Os investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalham para encontrar elementos que possam associá-lo aos supostos crimes, cometidos desde 2012, ou descartar o envolvimento dele nessas ocorrências.

Policiais ouvidos pela reportagem afirmaram que, durante as oitivas, Marinésio não demonstrou arrependimento ou remorso por ter cometido os crimes. Lamenta por ter sido preso e pelas consequências da exposição dos fatos, principalmente por colocar como alvo da ira de populares a mulher e a filha.

Enquanto os casos não são relatados e remetidos à Justiça, o acusado segue preso na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Após ser ameaçado por outros internos, precisou ser isolado. O cozinheiro recebe apenas a visita do advogado.

Fonte : Metrópoles

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