• 22/11/2024

Sociedade Brasileira de Infectologia rebate Bolsonaro

Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou uma nota na noite desta terça-feira, 24, rebatendo as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em cadeia nacional de rádio e TV e reafirmando a necessidade de isolamento social para conter a pandemia do coronavírus. A entidade ainda criticou a classificação dada pelo presidente à doença: “resfriadinho” e se mostrou preocupada com a “falsa impressão” dada por ele de que as medidas anunciadas são inadequadas.

“Neste difícil momento da pandemia de covid-19 em todo o mundo e no Brasil, trouxe-nos preocupação o pronunciamento oficial do presidente da República Jair Bolsonaro, ao ser contra o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como ‘um resfriadinho’. Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a covid-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade. É também temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que estão ocorrendo na Itália, realmente a maioria entre idosos, seja relacionada apenas ao clima frio do inverno europeu. A pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil”, afirma o presidente da entidade, Clóvis Arns da Cunha.

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Durante seu pronunciamento em TV e rádio, o presidente voltou a usar a palavra “histeria” para classificar as medidas de isolamento impostas por Estados e municípios em todo o País, como fechamento de comércios e restrições a locais públicos, como parques e escolas. Bolsonaro chegou a criticar diretamente o fechamento de escolas, sejam públicas e privadas, já que, segundo ele, apenas idosos podem sofrer consequências mais graves se contagiados.

De acordo com a entidade, Bolsonaro acerta quando elogia o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,

e sua equipe, e também quando se mostra preocupado com o impacto socioeconômico da pandemia, mas reforça que, “do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de transmissão comunitária”, na qual o Brasil atualmente se encontra. Hoje, há casos registrados em todos os Estados.

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Nesta quarta-feira, 25, o presidente voltou a defender suas posições contra o isolamento social, contrariando mais uma vez as recomendações médicas e sugeridas por integrantes de seu próprio governo, como o ministro da saúde e sua equipe. Em entrevista concedida na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro chegou a reclamar que caminhoneiros – parte de seu eleitorado – não têm mais onde se alimentar com o fechamento de restaurantes nas estradas.

“Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e todos os demais profissionais de saúde estão trabalhando arduamente nos hospitais e unidades de saúde em todo o País. A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar sua disseminação. “Ficar em casa é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais populosas”, conclui Cunha.

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(Estadão Conteúdo)

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