• 10/01/2025

Mundo rompe pela 1ª vez a marca crítica de aquecimento de 1,5ºC

O ano de 2024 foi o mais quente desde que se iniciaram os registros de temperaturas, e o primeiro a romper o limite de aquecimento global de 1,5ºC em relação à era pré-industrial.

O anúncio desta sexta-feira (10/01) do Copernicus Climate Change Service (C3S), órgão da União Europeia que monitora as mudanças climáticas, confirma oficialmente projeções anteriores, e atribui o calor recorde sobretudo à ação humana. Outro fator importante seria o fenômeno meteorológico El Niño no Oceano Pacífico, que eleva as temperaturas globais.

Análises do Met Office, da Universidade de East Anglia e do Centro Nacional de Ciência Atmosférica, no Reino Unido, confirmaram o recorde de temperatura, considerando porém só “provável” que 2024 tenha sido o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5ºC. Resguardar esse limite é um dos compromissos-chave do acordo global sobre o clima fechado em Paris em 2015.

Mundo à beira no ponto sem retorno?

Climatologistas ressalvam que tal ocorrência em um ano isolado não significa que o planeta tenha alcançado esse nível de aquecimento global, alertando, no entanto, que agora ele está muito próximo dessa marca sensível. Por outro lado, segundo um dos cientistas, o calor recorde deveria ser uma “confrontação com a realidade”, num ano em que eventos meteorológicos extremos lembram como é perigosa a vida acima de 1,5ºC.

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Segundo as análises britânicas, a temperatura média global em 2024 esteve 1,53ºC acima da média de 1890-1900, com uma margem de erro de mais ou menos 0,08ºC. Foi ainda o 11º ano sucessivo com 1ºC ou mais acima da era pré-industrial.

Para constatar uma quebra efetiva da meta do Acordo de Paris, seria preciso registrar-se uma superação da marca sensível por um período mais longo, ressalvam. “No entanto, o que [os atuais registros] mostram é que agora é mínima a margem para se evitar uma ultrapassagem do 1,5ºC por um período mais longo.”

Por sua vez, o C3S documentou médias de 1,6ºC acima do período 1850-1900, e 0,12ºC acima de 2023 – até então o ano mais quente da série histórica, com 1,47ºC acima da média da década de referência 1991-2000. A análise ressalta, ainda, que, em nível global, de todos os períodos de dez anos já registrados, o último foi o mais quente.

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Samantha Burgess, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), a que o C3S pertence, advertiu: “Essas temperaturas globais altas, associadas ao recorde global de vapor atmosférico em 2024, provocaram ondas de calor sem precedentes e eventos pluviais pesados, causando miséria para milhões.”

Rowan Sutton, diretor do Centro Hadley do Met Office, reforçou que cada fração de grau centígrado a mais “aumenta o risco de ultrapassar pontos de inflexão com potencial de alterar o mundo, como os colapsos do bioma da Amazônia, ou da calota de gelo da Groenlândia ou da Antártida”.

Impactos climáticos

Até o momento, as temperaturas médias globais – medidas ao longo de décadas – atingiram 1,3 grau, um aumento que já teve consequências devastadoras.

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Em 2024, incêndios florestais queimaram partes do Pantanal no Brasil e afetaram vários países da região, enquanto regiões como o Rio Grande do Sul, partes do Sudão, dos Emirados Árabes Unidos e da Espanha foram atingidas por fortes inundações. Ondas de calor atingiram a Europa e a África Ocidental e tempestades tropicais varreram partes dos Estados Unidos e das Filipinas.

Os cientistas que trabalham como parte da World Weather Attribution, uma organização que estuda os vínculos entre o clima extremo e a mudança climática, descobriram que 26 dos eventos que analisaram no ano passado se tornaram piores ou mais prováveis de ocorrer devido ao aumento das temperaturas.

A queima de combustíveis fósseis pelo homem para atividades como aquecimento, indústria e transporte é o principal fator do aquecimento global, mas fenômenos naturais, como o El Niño, também contribuíram para o aumento das temperaturas nos últimos dois anos, disseram os cientistas da C3S.

av/md (AFP, DPA, DW)

Deutsche Welle

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