Nem mesmo sobre o caso extraconjugal que supostamente manteria com a vítima ele quis comentar. Apesar de confrontado com provas de que ligações entre os dois tinham duração de mais de uma hora, ele repetiu que isso não acontecia: “Eu achava que tinha desligado, mas não conferia e acabava que estava ligado ainda”, explicou.
Questionado sobre o que ele fazia no local onde o corpo de Noélia foi encontrado na noite do assassinato, ele não soube dizer. Os dois agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ouvidos pelo tribunal, contudo, relataram durante a audiência que Almir confessou o crime em conversas informais.
Segundo eles, o acusado disse que Noélia pediu uma carona em 17/10/2019 sem informar o motivo. Durante o caminho de volta ao Sol Nascente, ela pediu para estacionar o carro em uma estrada de terra, na Estrutural.
Noélia teria pedido para que ele pagasse um curso para que ela tirasse carteira de motorista. Almir teria recusado, e a vítima reagiu com xingamentos. Nervoso, o acusado teria sacado a arma e apontado para o rosto de Noélia. O revólver, segundo os agentes que ouviram Almir, teria escorregado e um disparo acabou atingindo o olho da vítima.
Também foram ouvidos a esposa de Almir; a gerente e vendedora da loja em que Noélia trabalhava; o marido dela, Marcos Paulo Mendes Santana; e um vendedor que costumava pegar ônibus com a vítima.
O juiz Paulo Afonso Correia Lima Siqueira abriu prazo para a defesa apresentar novas alegações e encerrou a audiência. Só depois desse tempo é que haverá a decisão de se levar o caso ao tribunal do júri.
Denúncia
Em novembro de 2019, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Almir pelo assassinato de Noélia e por porte ilegal de arma de fogo. Ele está detido desde o fim de outubro do ano passado e teve prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça no mês de novembro.
De acordo com a denúncia oferecida pela Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Águas Claras, o homicídio é duplamente qualificado por uso de recurso que dificultou a defesa da vítima (disparo de arma de fogo a curta distância) e feminicídio (condição de sexo feminino).
O crime
Noélia foi encontrada morta no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires. De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC) que analisaram o local onde o crime ocorreu, a vendedora levou um tiro à queima-roupa no rosto.
No início das apurações, com acesso a informações que faziam parte do laudo preliminar sobre o feminicídio. Elas apontavam que o disparo foi feito próximo à face de Noélia e indicaria que ela poderia estar dentro de um veículo, supostamente usado pelo autor do crime — o que se confirmou posteriormente.
O corpo de Noélia foi encontrado no dia seguinte ao desaparecimento. O enterro ocorreu em 20 de outubro. Ela tinha três filhos: dois meninos, de 16 e 5 anos, e uma garota, de 9.
(Metrópoles)