No TikTok ficaram conhecidas como “Sephora Kids”. São meninas entre 8 e 12 anos que, incentivadas por seus pais, somam milhões de seguidores mostrando compras de maquiagem e sua rotina de “skincare”, tendência que a longo prazo pode afetar sua saúde física e mental.
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Essas meninas, em muitos casos americanas, aparecem nas redes gritando de alegria diante de creme hidratante e “rejuvenescedor” ou implorando às mães por um corretivo. “É esse que eu vi no vídeo, quero, quero”, diz uma delas.
Há polêmica nas redes, principalmente pelos preços dos produtos. Um dos cremes preferidos das tiktokers ultrapassa os US$ 80, cerca de R$ 400.
Aparentemente, o fenômeno está limitado por enquanto aos Estados Unidos, onde uma das “Sephora Kids” mais conhecidas é North West, de dez anos, filha de Kim Kardashian.
Os produtos divulgados nesses vídeos, apesar de serem embalados em cores suaves, contêm substâncias agressivas como o retinol, destinado a peles maduras, apontam especialistas.
“Cada vez mais crianças usam cosméticos para adultos. Muitos dos pais que vão à consulta nem sabem que existe um risco e confiam mais nos influenciadores de beleza do que no próprio médico”, disse à AFP o dermatologista americano Danilo Del Campo.
Ele tem percebido “um aumento de consultas por reações cutâneas e problemas derivados do uso indevido destes produtos”. A pele funciona como uma barreira e devemos evitar danificá-la com produtos inadequados ou expô-la precocemente aos produtos químicos contidos nesses cosméticos, diz o dermatologista.
Del Campo também mencionou “problemas de autoestima em crianças que sentem necessidade de corrigir defeitos que nem sequer existem”.
No TikTok, algumas mães afirmam que é apenas uma “brincadeira”. Para Michaël Stora, psicanalista especialista em práticas digitais, “essas meninas não brincam com bonecas como seria de esperar em sua idade, as bonecas são elas”.
Stora garante que o fenômeno era previsível no contexto atual de crianças expostas nas redes sociais desde o nascimento.
Solène Delecourt, professora de Berkeley e especialista em desigualdades sociais, acredita que estes vídeos “podem reforçar e perpetuar uma representação muito estereotipada de meninas e mulheres”. “Elas ainda não são mulheres, mas estão sujeitas a uma intensa pressão social”, afirma.
(Folha de São Paulo)