• 10/05/2024

O que a ciência diz sobre o vício em redes sociais?

Um grupo de 41 estados e o Distrito de Columbia (Washington) entrou com uma ação na terça-feira (24) contra a Meta, a empresa-mãe do FacebookInstagram, WhatsApp e Messenger, alegando que a empresa usou conscientemente recursos em suas plataformas para fazer com que as crianças as usem compulsivamente, mesmo quando a empresa afirmava que as redes eram seguras para os jovens.

Veja também

Rebeca Andrade conquista mais um ouro no Pan, agora na trave

“A Meta aproveitou tecnologias poderosas e sem precedentes para atrair, envolver e, por fim, enredar jovens e adolescentes”, afirmaram os estados na ação judicial apresentada em um tribunal federal. “Seu objetivo é o lucro.”

As acusações na ação levantam uma questão mais profunda sobre comportamento —os jovens estão se viciando em redes sociais e na internet? Aqui está o que a pesquisa descobriu.

O QUE TORNA AS REDES SOCIAIS TÃO CATIVANTES?

Especialistas que estudam a internet afirmam que o atrativo magnético das redes sociais surge da maneira como o conteúdo atua em nossos impulsos e conexões neurológicas, de modo que os consumidores acham difícil se afastar do fluxo constante de informações.

Mas quando a recompensa chega é imprevisível. “Assim como uma máquina caça-níqueis”, disse. Os usuários são atraídos por luzes e sons, mas, ainda mais poderoso, por informações e recompensas adaptadas aos interesses e gostos do usuário.

Leia também   Tem gente querendo usar novo recurso do WhatsApp para trair na relação

Os adultos são suscetíveis, observou ele, mas os jovens estão particularmente em risco, porque as regiões do cérebro envolvidas na resistência à tentação e na recompensa não estão tão desenvolvidas em crianças e adolescentes como em adultos. “Os jovens são totalmente impulsivos e têm pouco controle sobre esse impulso”, disse Greenfield.

Além disso, ele disse que o cérebro adolescente está especialmente sintonizado com as conexões sociais, e “as redes sociais são uma oportunidade perfeita para se conectar com outras pessoas”.

A Meta respondeu à ação judicial afirmando que tomou muitas medidas para apoiar famílias e adolescentes.

Leia também   Coronavac dá proteção acima de 90% em quem tem comorbidades, diz estudo

“Estamos desapontados que, em vez de trabalhar de forma produtiva com empresas de toda a indústria para criar padrões claros e adequados à idade para os aplicativos que os adolescentes usam, os procuradores gerais escolheram esse caminho”, disse a empresa em comunicado.

COMPULSÃO É IGUAL A VÍCIO?

Por muitos anos, a comunidade científica geralmente relacionou o vício com substâncias, como drogas, e não com comportamentos, como jogos de azar ou uso da internet. Isso mudou gradualmente.

Em 2013, o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, na sigla em inglês), referência oficial para doenças mentais, introduziu a ideia de vício em jogos online, mas afirmou que mais estudos eram necessários antes que condição pudesse ser formalmente confirmada.

Um estudo subsequente explorou a ampliação da definição para “vício em internet”. Seu autor sugeriu explorar ainda mais os critérios de diagnóstico e a linguagem, observando, por exemplo, que termos como “uso problemático” e até mesmo a palavra “internet” estavam abertos a interpretações amplas, dadas as muitas formas que a informação e sua entrega podem assumir.

Leia também   Resposta para tratamento da covid-19 pode estar em recuperados

Dr. Michael Rich, diretor do Laboratório de Bem-Estar Digital do Hospital Infantil de Boston, disse que desencorajava o uso da palavra “vício” porque a internet, se usada de forma eficaz e com limites, não era apenas útil, mas também essencial para a vida cotidiana.

“Prefiro o termo ‘uso problemático de mídias na internet'”, disse, um termo que ganhou popularidade nos últimos anos.

Greenfield concorda que existem usos valiosos para a internet e que a definição do quanto é demais pode variar. Mas ele disse que também havia casos claros em que o uso excessivo interfere na escola, no sono e em outros aspectos vitais de uma vida saudável.

Muitos jovens consumidores “não conseguem largar”, disse ele. “A internet é uma seringa gigante, e o conteúdo, incluindo as redes sociais como a Meta, são as drogas psicoativas.”

(Folha de São Paulo)

Read Previous

Lula assume falha por derrota no Senado e culpa partidos por redução de mulheres no governo

Read Next

Aneel mantém bandeira tarifária verde para novembro