O PL avalia lançar candidato a prefeito em até 3.000 municípios, num esforço para tentar massificar a imagem do partido.
O plano de Valdemar Costa Neto, presidente da legenda de Jair Bolsonaro, é ter um candidato próprio no maior número possível de capitais e fortalecer a estrutura do PL, que busca ampliar a capilaridade de olho já na corrida presidencial de 2026.
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A tática do PL é, portanto, mais agressiva que a do PT, que admite abrir mão de lançar candidatos próprios e negocia vagas de vice-prefeito em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Alguns petistas dizem que, mesmo com Lula no Palácio do Planalto, o partido deverá eleger menos de 300 prefeitos –mais do que os 183 vitoriosos em 2020.
Eles se reúnem toda terça-feira e discutem um alinhamento estratégico para as eleições de 2024 e para o futuro da legenda. Além de Valdemar, costumam participar Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e líderes no Congresso, como o deputado Altineu Côrtes (RJ) e o senador Rogério Marinho (RN).
“Vou entrar com tudo na campanha. Já estamos crescendo agora. Tem muito prefeito já vindo [para o PL]”, disse Bolsonaro à Folha. Ele afirmou que pretende intensificar as viagens e, para ampliar o alcance de sua imagem, participar de gravações de material de campanha para candidatos do partido.
“Mas não vou gravar [vídeo] para quem eu não conheço”, concluiu o ex-presidente.
A postura de Bolsonaro representa uma mudança de rota em comparação com 2020. Naquela eleição, ele não tinha partido político e escolheu apadrinhar um seleto grupo de candidatos. O resultado das urnas mostrou que ele fracassou como cabo eleitoral. A maioria dos candidatos para quem o presidente da República pediu voto ou indicou apoio na ocasião saiu derrotada.
Integrantes do PL querem um Bolsonaro diferente para 2024. Agora, o ex-presidente tem uma estrutura partidária, com profissionais da área eleitoral, e mais tempo para se dedicar a viagens e às campanhas dos candidatos.
O mesmo é esperado de Michelle Bolsonaro. O PL aposta no potencial eleitoral da ex-primeira-dama, que se envolveu na corrida presidencial do ano passado menos do que dirigentes da sigla gostariam. Agora, ela faz parte da cúpula da legenda, comanda o PL Mulher, prepara uma agenda de viagens e participa das decisões estratégicas de campanha.
Michelle levantou uma lista de mulheres que concorreram à prefeitura em 2020 pelo PL e foram derrotadas. Ela planeja entrar em contato com esse grupo e fortalecer a candidatura delas no próximo ano.
Além disso, integrantes do partido afirmam que a atuação de Michelle tem resultado num aumento da filiações de mulheres ao PL. Na avaliação do partido, isso tem pavimentado o terreno para um crescimento da sigla nesse segmento.
O PL tem hoje cerca de 360 prefeitos. São políticos eleitos em 2020, quando Bolsonaro ainda não estava na sigla, e filiações recentes. Negociações para a entrada de mais prefeitos no PL seguem em curso, principalmente no interior paulista, onde o partido vê chance de ocupar espaços hoje do PSDB.
A legenda deve lançar em breve o PL Maturidade, com foco na mobilização de eleitores mais velhos, que não são obrigados a votar. A iniciativa completa o trabalho do PL Mulher (de Michelle) e do PL Jovem (cujo principal expoente é o deputado Nikolas Ferreira).
O partido de Bolsonaro quer cristalizar sua imagem no eleitorado de direita e, por isso, rejeita qualquer aliança local com o PT —mesmo no Nordeste, onde Lula tem mais força. O comando petista, por outro lado, deixou essa possibilidade aberta.
“A prioridade é aliança com partidos da direita, como PP e Republicanos. Eu acho que o PL não terá aliança com partidos da esquerda. Eu acredito que possa haver resolução da executiva nacional no sentido contrário [à coligação com o PT]”, disse o deputado Altineu Côrtes.
Para avançar no Nordeste, o PL priorizará estados com mais prefeituras, como Bahia e Pernambuco.
O centro-sul do país é considerado a região mais estratégica para o PL. Nessa linha, Minas Gerais, por ser o estado com o maior número de prefeituras (853 municípios), está entre as prioridades do partido.
Na disputa presidencial, Minas teve o placar mais apertado do país. Lula venceu com margem pequena (50,2% contra 49,8% de Bolsonaro). O PL enxerga no estado um ambiente bastante favorável para conquistar prefeituras numa aliança com o governador Romeu Zema (Novo), aliado de Bolsonaro e reeleito no primeiro turno.
Para a Prefeitura de Belo Horizonte (MG), o PL deve lançar o deputado estadual Bruno Engler. A ideia é atrair o Novo para ocupar a vice na chapa e fortalecer Engler, já que a avaliação do partido é que o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), não tem boa avaliação.
Mesmo na disputa em São Paulo, o PL, que ainda avalia o futuro de uma eventual aliança com Ricardo Nunes (MDB), quer protagonismo. Se decidir por apoiar a reeleição de Nunes, Valdemar pretende atrair e filiar o atual prefeito ao PL.