• 10/04/2025

Pessoas entre 25 a 34 anos são as que mais rejeitam vacina, aponta estudo

Por Portal Exame

Chegando a quase um ano da campanha de vacinação contra o coronavírus, o Brasil está prestes a alcançar 50% da população com as duas doses da vacina. Os dados são otimistas, mas países que começaram a imunização mais cedo enfrentam uma nova onda de casos por conta daqueles que se recusam a se vacinar.

Veja também

Uber anuncia recompensa de até R$ 500 para motorista que bater meta semanal

O mesmo pode acontecer no Brasil? Foi esta dúvida que motivou uma pesquisa desenvolvida pela Consultoria de Data Science, Ilumeo, chamada Delfos Vacinas, feita em parceria com a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), que aponta quais as preferências e atributos de marca que mais impactam na hora da imunização.

  • Quer saber tudo sobre o desenvolvimento e eficácia de vacinas contra a covid-19? Assine a EXAME e fique por dentro.

Desenvolvida pela Ilumeo, “Delfos” é uma metodologia de brand tracking para mensurar a saúde e a força das marcas. Para a pesquisa sobre as vacinas, os atributos avaliados pela pesquisa derivam de escalas de personalidade e tipologia de marca. Também foi avaliado o efeito país de origem de cada imunizante.

“Fazemos isso por meio da construção de um modelo de equações estruturais, um conjunto de diversos algoritmos de computador, métodos estatísticos e modelos matemáticos que trabalham juntos para que se possa compreender a estrutura de inter-relações entre diferentes fatores não observáveis”, disse Otávio Freire, sócio e head da Illumeo.

Ao todo foram 3.059 respondentes, sendo que 51% tomaram ao menos uma dose da vacina. 48% são da classe C, seguido de 29% das classes D e E e 21% da B. Em questão de região, 40% são do Sudeste, 29% do Nordeste e 14% do Sul.

Leia também   Como ter o mesmo WhatsApp em dois celulares diferentes

Compreender por que ainda existem indivíduos que não se vacinam é vital para o enfrentamento da pandemia, já que é necessário uma alta taxa de vacinação para o vírus ter uma circulação baixa. Por trás dos antivacinas ou sommeliers existe uma gama de fatores individuais, culturais, políticos e econômicos. Veja detalhes da pesquisa:

CoronaVac e AstraZeneca são as mais rejeitadas

Apesar de serem as primeiras marcas que vêm à cabeça dos participantes (36% e 30%, respectivamente), a CoronaVac e a AstraZeneca são os imunizantes mais rejeitados pelo mesmo grupo.

A vacina da chinesa Sinovac, fabricada pelo Instituto Butantan no Brasil, figura no topo da rejeição, com 15% menos preferência e 7% mais rejeitada, seguida pela da AstraZeneca com 19% menos preferência e 4% mais rejeitada.

A CoronaVac tem pouca confiança por ser vista como um imunizante de menor eficácia em comparação com os outros. A informação é exagerada, porque a vacina chinesa protege tanto quanto as outras. Ela é eficiente para casos graves e, de acordo com estudo, é a que mais previne mortes.

Já o medo em volta da AstraZeneca é por conta dos raros efeitos colaterais. A formação de coágulos sanguíneos em alguns vacinados levou até ao interrompimento da distribuição do imunizante na Europa no meio deste ano, mas foi retomada após cientistas confirmarem a raridade do efeito colateral.

Leia também   Facebook lança ‘Gerador de Ideias de Campanha’ para ajudar empresas

A ocorrência foi de 1 caso a cada 250.000, ou taxa de 0,0004%. Em comparação, para mulheres que usam anticoncepcional oral, o risco de desenvolver tromboembolismo venoso é 4 a 6 vezes maior do que as que não fazem uso do remédio.

Os imunizantes da Pfizer e da Janssen dominam a preferência dos brasileiros, com 17% de aprovação e somente 1% de rejeição cada. São bem aceitas no Brasil por serem usadas em países como os Estados Unidos e, no caso da Janssen, por ser de dose única.

Quem não quer vacinar?

O levantamento mostrou que oito em cada dez respondentes não rejeitariam nenhuma vacina, apesar de possivelmente preferirem uma ou outra. Já 42% das pessoas entre 25 a 34 anos são os que mais rejeitam a vacina contra a covid.

Nos Estados Unidos, o país voltou a registrar o aumento de casos e morte de junho para cá e atualmente contabiliza mais de 41 milhões de habitantes infectados e 660 mil vidas perdidas.

“Por lá, a campanha está estagnada e o progresso da vacinação bateu na barreira erguida pelos americanos que resistem à imunização. A ideia da pesquisa é justamente, por meio dos dados, checar as chances do mesmo acontecer aqui no Brasil”, comenta Freire.

4% não vão se imunizar independente do laboratório. A desconfiança e o medo são os principais argumentos e, de acordo com a pesquisa, percebe-se que notícias falsas e desconhecimento básico sobre o funcionamento das vacinas influenciam na opinião.

Leia também   Meta deixa Brasil de fora de lançamento de IA, após restrições da autoridade de dados

Alguns exemplos dos argumentos mais comuns que embasam a recusa por algumas vacinas vão desde a não credibilidade nos estudos e eficácia, a não conhecimento dos efeitos colaterais a longo prazo.

Entre quem não pretende se vacinar vemos mais homens (53%) do sudeste do país (38%), com menores rendas familiares mensais e menos escolarizados. Já quando se consideram só os que têm entre 45 e 54 anos a taxa cai para 7%.

Informações vêm do WhatsApp

As redes sociais dão ainda mais força para o movimento dos sommelier de vacinas, uma vez que facilitam o compartilhamento de fake news. De acordo com a pesquisa, o WhatsApp e Youtube são as principais fontes de informação das pessoas sobre a vacina durante a pandemia.

70% e 66% dos entrevistados, respectivamente, se informam por esses meios, seguido do Instagramcom 56%. Em último lugar estão os jornais e revistas impressos com 7%.

Quem não se informa por meios credíveis de informação têm uma maior preferência e rejeição por determinadas marcas. AstraZeneca e CoronaVac se desenvolvem melhor que Janssen e Pfizer ao passar de conhecimento superficial para o mais profundo.

“Esse estudo pretende alertar a associação entre o aumento da desinformação e a lentidão da cobertura vacinal. Embora seja uma porcentagem muito pequena de pessoas que se recusam a vacinar, essa realidade existe. Com a informação correta garantimos a manutenção da saúde de todos. A melhor vacina contra a covid é aquela que vai no braço”, ressalta Freire.

Read Previous

DF recebe 51.708 vacinas e retoma imunização de adolescentes

Read Next

Frente Parlamentar dos Caminhoneiros notifica governo sobre greve Categoria promete interromper suas atividades caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas pelo governo