A ansiedade e o estresse se intensificaram durante o período de isolamento social devido à preocupação excessiva sobre o momento que vivemos. Concomitante a isso, a pele passou a sofrer mais com espinhas, olheiras e ressecamento, além da piora em quadros já existentes de eczemas, vitiligo, caspa, alopecia, herpes e psoríase.
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“Há vários estudos ligados ao emocional e a piora dessas doenças, pois a ansiedade funciona como um gatilho, sobretudo para quem já tem pré disposição genética a desenvolvê-las”, explica a dermatologista Gina Matzenbacher, da Clínica Leger.
A médica alerta ainda para a necessidade de entender que esse sentimento não causa essas doenças, mas age como um estímulo para o seu aparecimento ou agravamento. Portanto, é fundamental tratá-lo para obter resultados nas demais áreas afetadas. Afinal de contas, um emocional abalado impacta a saúde como um todo.
Assim, segundo Gina, quando esse impacto emocional reverbera em prejuízos para a pele, é dado o nome de psicodermatoses. “Nesses casos, ansiedade prejudica a barreira cutânea, levando a condições inflamatórias e a hábitos como coçar insistentemente alguma região, ocasionando feridas e descamações. Já no couro cabeludo, ocorre a dermatite seborreia e até à queda de cabelo (alopecia)”, complementa.
Ela conta que o herpes simples, uma patologia viral, é um grande exemplo para esse cenário: “o estresse e a ansiedade podem contribuir fortemente para sua aparição, causando desconforto em diversas regiões em forma de eczemas”.
Embora já pareçam muitos problemas, a lista não para por aí! A dermatologista lembra do melasma, um vilão que aparece com mais frequência em mulheres jovens e se caracteriza por manchas castanho-escuras na pele, geralmente no rosto.
Ela explica que essa hiperpigmentação acontece em decorrência da produção excessiva de cortisol, um hormônio afetado pelo estresse, que estimulará os melanócitos – células responsáveis pela pigmentação – culminando nesses sinais.
Essa relação é explicada também por estudos, os quais comprovam que impactos emocionais ativam o gene proopiomelanocortin, incitando a pele a produzir mais pigmento.
Tratando as psicodermatoses
A especialista reforça que essas doenças podem aparecer ou piorar mesmo quando o paciente não sai de casa e mantém uma rotina de skincare diária. Assim, é imprescindível recorrer a um tratamento completo envolvendo pele e emocional.
“É preciso buscar formas para tentar lidar com a situação atual, como ter noites de sono saudáveis, buscar auxílio da terapia e praticar alguma atividade física para manter o equilíbrio entre a saúde física e mental”, reforça a médica.
Por isso, no surgimento de algum sintoma ou agravamento de condições já existentes, é fundamental procurar um dermatologista para receber as orientações corretas e tratar essas questões com supervisão do profissional. Além disso, psicólogos poderão complementar com recursos terapêuticos, de modo a aliviar o estresse e a ansiedade.
Consultoria: Gina Matzenbacher, dermatologista da Clínica Leger.
(Alto Astral)