• 30/04/2024

Como a nova geração de Wi-Fi vai melhorar sua rede doméstica

Por Brian X. Chen, c. 2021 The New York Times Company

Quando a pandemia chegou, fomos forçados a ficar em casa e a transferir nosso trabalho e nossos hobbies para a internet. Reuniões de escritório e salas de aula foram substituídas por chamadas de vídeo. Assistimos mais à Netflix, jogamos mais videogames e fizemos compras on-line.

O resultado: abusamos de nossa rede Wi-Fi doméstica com vários dispositivos, que estavam trabalhando mais do que nunca. A conexão de internet congestionada, que contribuiu para chamadas de vídeo irregulares e downloads lentos, tornou-se a dor de cabeça tecnológica número um.

Agora, uma nova geração de Wi-Fi, conhecida como Wi-Fi 6, chegou para resolver esse problema. Traz velocidades mais rápidas e cobertura mais ampla. E o mais importante: a tecnologia sem fio faz um trabalho melhor ao compartilhar de modo eficiente a conexão de dados entre um grande número de dispositivos domésticos, como telefones, tablets, computadores, alto-falantes inteligentes e TVs.

Com o Wi-Fi 6, quando um dispositivo consome grandes quantidades de dados – um console de videogame baixando um jogo enorme, por exemplo –, não há desaceleração do resto da rede, como acontecia com a tecnologia Wi-Fi passada.

O Wi-Fi 6 estreou em 2018, mas chegou às massas apenas este ano, quando se tornou mais acessível, com dispositivos que custam apenas US$ 70, e mais amplamente disponível em novos roteadores de internet. Muitos smartphones e computadores recentes agora também incluem chips que os ajudam a aproveitar o Wi-Fi 6.

Como ele funciona exatamente? Imagine carros andando em uma estrada. Em redes Wi-Fi mais antigas, os carros, que representam dispositivos que transmitem dados, circulam em uma única faixa. Um dispositivo que leva muito tempo para completar uma tarefa pesada de dados é como o motorista que dirige bem devagar, forçando os que estão atrás a diminuir a velocidade.

O Wi-Fi 6 reduz o congestionamento ao direcionar o tráfego. Agora há várias pistas: pistas expressas para os dispositivos mais novos e mais rápidos, e uma pista lenta para os mais antigos e lentos. Todos os veículos também estão cheios de pessoas, o que representa grandes lotes de dados sendo transportados pela rede simultaneamente.

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“O Wi-Fi 6 pode ser muito eficiente para fazer com que mais carros na estrada trafeguem rapidamente”, disse David Henry, vice-presidente da empresa de rede Netgear.

Recentemente, testei dois novos roteadores Wi-Fi 6 e os comparei com um roteador Wi-Fi da geração anterior, o que rendeu alguns resultados medíocres, mas também melhorias mais surpreendentes. Eis o que aprendi.

Teste, teste

Geralmente, tenho mais de duas dúzias de dispositivos conectados à internet em execução, incluindo alto-falantes inteligentes, um termostato e uma balança de banheiro. Isso parecia fazer da minha casa um ambiente de teste ideal para o Wi-Fi 6.

Os roteadores que escolhi foram o Eero Pro 6 da Amazon, que é vendido a cerca de US$ 230, e o Orbi da Netgear, que sai a US$ 380. Comparei-os com um roteador Google Wifi, que custava cerca de US$ 130 quando foi lançado em 2016.

Um dos testes envolveu o download de um episódio da série da Netflix “The Final Table – Que Vença o Melhor” em dois smartphones e um tablete, enquanto outro vídeo passava em um segundo tablet.

Os roteadores Wi-Fi 6 se saíram melhor que o roteador mais antigo, mas apenas marginalmente:

  • Nos roteadores Eero e Netgear, foram necessários cerca de 45 segundos para que os três dispositivos terminassem de baixar o episódio da TV. No roteador mais antigo do Google, a tarefa levou 51 segundos, 13 por cento mais lenta.
  • Quando tentei fazer o streaming de um vídeo de alta definição em um tablet enquanto os outros dispositivos estavam baixando arquivos, não houve uma diferença notável na reprodução do vídeo nos roteadores Wi-Fi 6 ou no roteador mais antigo.
  • Fiz vários testes como o mencionado acima, inclusive baixando videogames enquanto fazia uma chamada de vídeo. Os resultados foram muitas vezes desanimadores. Portanto, qual é o problema?
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Nick Weaver, executivo-chefe da Eero, fabricante de roteadores de propriedade da Amazon, afirmou que o benefício da redução do congestionamento com o Wi-Fi 6 seria mais visível em um ambiente com muito mais dispositivos, como um escritório com centenas de computadores fazendo tarefas pesadas ao mesmo tempo. “É menos importante no ambiente doméstico”, observou. A maioria das casas ainda não tem tantos dispositivos.

Keerti Melkote, fundador da Aruba, empresa da Hewlett Packard Enterprise que oferece produtos Wi-Fi para empresas, tem outra teoria. Segundo ele, a maioria dos dispositivos da minha casa precisaria ter chips que os tornassem compatíveis com Wi-Fi 6 antes que os benefícios fossem mais pronunciados. Apenas cerca de um quarto dos meus aparelhos conectados à internet conta com um desses.

O lado bom

Não foram resultados de cair o queixo. Mas a boa notícia é que, usando o Wi-Fi 6, notei mudanças sutis em toda a minha casa.

Meus alto-falantes inteligentes da Amazon agora são mais responsivos. No meu quarto, peço à Alexa que controle duas lâmpadas conectadas à internet. Com o roteador mais velho, sempre que eu dizia “Alexa, acenda as luzes”, havia um atraso de cerca de dois segundos antes de as luzes se acenderem. Agora é de menos de meio segundo.

Notei algo semelhante no MyQ, que me permite usar um aplicativo de smartphone para controlar a porta da garagem. Anteriormente, depois de apertar o botão, eu tinha de esperar vários segundos até a porta se abrir. Agora isso ocorre em uma fração de segundo.

Minhas chamadas de vídeo também parecem mais claras do que costumavam ser e levam menos tempo para se conectar.

Isso sugere que o Wi-Fi 6 é um investimento de longo prazo. Quanto mais dispositivos conectados à internet entrarem na casa das pessoas nos próximos anos, mais as vantagens vão se tornar visíveis. “Vai levar tempo, mas as melhorias vão ser reais”, disse Melkote.

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Resumo

Dos dois roteadores Wi-Fi 6 que testei, preferi o Eero Pro 6. É US$ 150 mais barato que o Netgear Orbi, e ambos foram igualmente rápidos nos meus testes. A configuração do Eero também era mais simples. Mas quem deveria comprá-los?

Minha experiência indicou que as pessoas que compraram um roteador nos últimos cinco anos provavelmente não veriam grandes melhorias imediatamente, por isso não há pressa em atualizá-lo.

Para esses consumidores, provavelmente seria melhor esperar pelo Wi-Fi 6E, tecnologia recém-revelada que supostamente oferece ainda mais melhorias para reduzir o congestionamento da rede em bairros densamente povoados. Os roteadores que trabalham com Wi-Fi 6E estão apenas começando a ser adotados – e são muito caros –, de modo que podem se passar vários anos até que seja prático considerar a atualização.

Mas, se você comprou um roteador há mais de seis anos, atualizar para o Wi-Fi 6 ofereceria um grande aumento na velocidade, e os benefícios gerais seriam mais perceptíveis. Isso porque, em 2015, a Comissão Federal de Comunicações removeu restrições que limitavam a potência de transmissão sem fio dos roteadores Wi-Fi, permitindo que os novos fossem 20 vezes mais poderosos.

Aqui está uma regra ainda mais simples: se você está feliz com sua conexão em casa, continue com a que você tem e atualize-a quando achar que deve. Nem Melkote está usando o Wi-Fi 6 ainda. Ele disse que planejava atualizar este ano, porque sua família vai trabalhar e ter aulas em casa por mais algum tempo.

Quanto a mim, mesmo que as melhorias fossem apenas marginais, não há como voltar atrás. Acabo conectando meia dúzia de novos dispositivos à rede anualmente, portanto vou precisar dessas pistas extras.

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