• 28 de março de 2024

JOGOU A TOALHA | Sérgio Moro sai do governo Bolsonaro após interferência na Polícia Federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou, nesta sexta-feira (24), que deixa o cargo após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Na abertura da coletiva, fez um balanço de atuação jurídica, em especial no combate à corrupção e ao crime organizado. Moro disse que não teria mais condições de ficar no cargo após a interferência em sua pasta.

Em sua última entrevista como ministro, Sérgio Moro, lembrou que quem assina o ato de nomeação era o presidente e que ele apenas indicava os nomes para avaliação, mas que como lhe foi dada carta branca para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, não poderia aceitar interferência política. “Como não havia motivos para a troca, disse ontem ao presidente que seria uma interferência política e ele me disse que sim, era uma interferência política. Quando me convidou para ser ministro, ele assumiu um compromisso comigo de que não haveria isso”, revelou.

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O ex-juiz federal e, agora, ex-ministro disse que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) vinha tentando fazer a troca na direção da PF desde o 2º semestre de 2019. Sérgio Moro mencionou que na ocasião deixou claro ao presidente que no futuro, poderia ser feita essa troca desde que houvessem razões para isso. “Essas interferências na Polícia Federal eu venho enfrentando desde os governos anteriores”, apontou Moro ao citar que nas gestões da Dilma e Michel Temer houve troca na PF na tentativa de conter a Operação Lava Jato.

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Sérgio Moro deixou claro que não iria manchar sua biografia. Ele revelou também que o presidente Jair Bolsonaro tem a intenção de nomear alguém que possa controlar e que passe para ele informações estratégicas de inteligência. Para ele, Bolsonaro deixou clara a sua preocupação com inquéritos que estão em curso no Supremo Tribunal Federal. “O presidente me disse que queria alguém que fosse de sua confiança e que ele pudesse ter acesso a informações estratégicas. E eu acho que essa não é a função da Polícia Federal”, afirmou Moro.

Ainda durante a coletiva, o ex-juiz disse que o fato não seria o primeiro em que ele e o presidente divergiram e não quis revelar quais seriam. Mas, falou que Maurício Valeixo não saiu do comando da PF por vontade própria. Sérgio Moro não hesitou em declarar que “o presidente me quer fora do cargo. Infelizmente, eu não tenho condições de ficar sem que haja uma atuação independente da Polícia Federal”.

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Quanto ao que vai fazer a partir de agora, Sérgio Moro anunciou que está à disposição para servir seu país, mas disse que primeiro vai descansar nesse primeiro momento. “Vou procurar um emprego, pois não enriqueci nem durante o magistrado e nem durante essa passagem pela vida pública”, destacou.

Ao se levantar da mesa da coletiva, Sérgio Moro foi ovacionado.

(Portal Expressão Brasiliense)

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